Egito promete expulsar quase 700 policiais por conta de mortes de civis

Altos oficiais são suspeitos de envolvimento no assassinato de manifestantes, durante levante que derrubou Mubarak.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Quase 700 altos funcionários da polícia do Egito deixarão seus cargos por suspeita de envolvimento na morte de manifestantes, em fevereiro deste ano, durante o levante popular que levou à renúncia do ex-presidente Hosni Mubarak. O ministro do Interior egípcio, Mansour Essawy, disse que 505 generais e 164 autoridades interromperão seus serviços no próximo dia 1º de agosto. A medida é anunciada enquanto protestos continuam a ser realizados na praça Tahrir, no centro da capital do Egito, Cairo, exigindo pressa nos julgamentos de policiais e autoridades ligados ao regime de Mubarak, que governou o país por quase 30 anos. Enquanto os protestos no Cairo chegavam ao sexto dia, o ministro do Interior - que supervisiona as forças de segurança, amplamente rejeitadas pela população durante o regime de Mubarak - disse que promoveria a "maior mexida na história da força policial" do Egito. Entre os dispensados estão 505 majores-generais, incluindo dez dos principais assessores do ministro do Interior, 82 coronéis e 82 brigadeiros, segundo relata a agência oficial. A TV egípcia afirma que 37 dos oficiais dispensados são acusados da morte de manifestantes. Não ficou claro no anúncio do governo se as autoridades foram exoneradas ou se tiveram as suas aposentadorias antecipadas. Mais de 800 pessoas foram mortas durante os 18 dias de revolta que culminaram na renúncia de Mubarak. Segundo o correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne, a medida aparentemente é uma vitória para o contestado primeiro-ministro egípcio, Essam Sharaf. Uma iniciativa anterior, semelhante à desta quarta-feira, acabou sendo barrada pelo ministro do Interior. Os manifestantes da praça Tahrir prometem manter pressão sobre o conselho militar que governa o país interinamente desde a saída de Mubarak. Eles exigem um novo governo, a diminuição do poder da junta, a libertação de civis processados por tribunais militares e julgamentos públicos mais rápidos para ex-integrantes do regime. Eleições As Forças Armadas egípcias informam que as eleições parlamentares, marcadas anteriormente para setembro, serão adiadas. "Foi decidida a realização de eleições (parlamentares) em outubro ou novembro", afirmou nesta quarta-feira, à agência estatal Mena, um representante da junta militar. Segundo analistas, muitos partidos egípcios pediram o adiamento das eleições para que possam fazer frente a grupos políticos mais poderosos e organizados, como a Irmandade Muçulmana. Na terça-feira, as Forças Armadas afirmaram que iriam elaborar linhas gerais para selecionar os cem integrantes da assembleia que redigirá a nova Constituição do país. De acordo com especialistas, isso pode tornar mais difícil que uma legislatura dominada por muçulmanos escolha os nomes da assembleia e dê à Carta um tom mais islâmico. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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