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Egito se esforça para pôr fim à intifada palestina

Por Agencia Estado
Atualização:

O líder palestino Yasser Arafat reuniu-se nesta terça-feira com o chefe da inteligência egípcia, no que foi visto como um esforço do Cairo de arquitetar o fim do levante palestino. Apesar de intensos contatos diplomáticos, a violência continua. Um motorista israelense foi seriamente ferido a tiros numa emboscada palestina na Cisjordânia. Nenhum grupo assumiu responsabilidade pelo ataque. No Cairo, o presidente Hosni Mubarak disse que seu enviado iria "conversar com Arafat sobre o que deve ser feito a fim de dar a Israel uma chance de mover-se na direção correta" -, sugerindo que estava unindo-se a uma crescente pressão internacional sobre Arafat para ele agir com mais decisão contra militantes que atacam israelenses. Omar Suleiman entregou uma carta de Mubarak a Arafat em seu escritório na cidade de Ramallah, Cisjordânia, onde o líder palestino está confinado por tanques israelenses há dois meses. Autoridades egípcias, que pediram para não ser identificadas, disseram que Mubarak pediu a Arafat para controlar a violência a fim de não dar pretextos a Israel para agir com maior dureza. O ministro palestino Saeb Erekat negou que a mensagem fosse uma pressão sobre Arafat e afirmou que o líder "apreciou os esforços egípcios... para parar a agressão israelense". Em seus comentários a repórteres, Mubarak também advertiu que, se Arafat fosse deposto, "os territórios palestinos seriam tragados pelo caos". Depois de meses de silêncio, Mubarak telefonou duas vezes para Arafat na semana passada - quando também se reuniu com o ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer. Analistas disseram que o líder egípcio está preocupado com a possibilidade de o conflito israelense-palestino desestabilizar o Egito e outros países. O rei Abdullah, da Jordânia, expressou preocupações semelhantes. Em Washington, o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Qureia, discutiu os 16 meses de violência com o secretário de Estado Colin Powell. Segundo Qureia, Powell lhe disse que "existem algumas medidas que têm de ser implementadas" antes de qualquer iniciativa de paz - outra aparente referência às exigências dos EUA de que a Autoridade Palestina reprima militantes e pare com os ataques contra Israel. Qureia foi uma das três autoridades palestinas que se reuniram na semana passada com o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon - o primeiro encontro do tipo desde que Sharon assumiu o poder 11 meses atrás. Qureia afirmou que Sharon sugeriu duas reuniões mensais. Uma autoridade do gabinete de Sharon, que pediu para não ser identificada, disse que o encontro visava mostrar que Israel vai conversar com oficiais palestinos, apesar de ignorar Arafat. Em Gaza, enquanto isso, milhares de palestinos enterraram cinco ativistas da radical Frente Democrática para a Libertação da Palestina, mortos numa explosão, nesta segunda-feira, atribuída a Israel. Oficiais de segurança palestinos disseram que helicópteros israelenses dispararam mísseis contra o carro em que eles estavam. Israel negou-se fazer comentários. O diário Haaretz diz que oficiais de segurança de Israel confirmaram ter assassinado os militantes. O ministro israelense Tsipi Livni adiantou que Israel continuará a alvejar militantes caso Arafat não os prenda. Comentaristas israelenses questionaram o momento escolhido para o ataque - pouco depois da reunião de Sharon com líderes palestinos, no que parecia ser um alívio nas tensões, e dias antes do planejado encontro do primeiro-ministro com o presidente dos EUA, George W. Bush, na próxima quinta-feira.

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