Eleição afegã no sábado é vista como teste para governo

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Por AE-AP
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Mais de um ano após uma eleição presidencial marcada por problemas, os afegãos voltam às urnas no sábado para escolher seus novos parlamentares, em um pleito que será considerado um teste sobre a capacidade do governo do presidente Hamid Karzai em realizar uma votação justa e de evitar que insurgentes atrapalhem o processo. O resultado das disputas para o Parlamento não deve afetar Karzai, que aprovou por decreto a maioria das leis quando a Casa estava em recesso. Mas a percepção sobre como a eleição é conduzida vai reverberar fortemente na coalizão internacional que apoia o Afeganistão com 140 mil soldados e bilhões de dólares.A eleição também será um indicador da força da insurgência, enquanto forças afegãs e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) farão a segurança das seções de votação em áreas voláteis, em meio a ameaças do Taleban contra os eleitores e trabalhadores eleitorais. Praticamente ninguém espera uma eleição livre e justa nos padrões ocidentais. "Este é provavelmente um dos piores lugares do mundo e o pior período para a realização de uma eleição. Temos de ter isso em mente", disse Staffan de Mistura, o principal enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) no Afeganistão. "Não esperamos uma eleição justa e transparente. O que esperamos é uma eleição aceitável", disse Haroun Mir, diretor do Centro Afegão de Pesquisas e Estudos Políticos, sediado em Cabul. A expectativa é que os afegãos e a comunidade internacional consigam mostrar uma melhora em relação à eleição presidencial de agosto de 2009, quando um painel antifraude da ONU descobriu a ocorrência de fraude desenfreada na reeleição de Karzai. "Ela precisa ser percebida, vista e sentida pelos afegãos e pela comunidade internacional como (uma eleição) menos fraudulenta", disse Mistura.Embora observadores ocidentais tenham questionado o compromisso de Karzai em combater a corrupção, eles se dizem satisfeitos com as medidas tomadas pelo governo afegão para fortalecer a independência da comissão eleitoral e a decisão de anunciar a localização das seções eleitorais com um mês de antecedência, eliminando boa parte do problema que permitiu que funcionários do governo depositassem votos a mais nas urnas e mudassem os resultados em 2009. "A preparação está muito melhor do que no ano passado", disse Mark Sedwill, representante civil sênior da Otan.

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