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Eleição britânica: fatia trabalhista é a dúvida

Por Agencia Estado
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A quatro dias das eleições britânicas a única dúvida é o tamanho da esmagadora maioria que o primeiro-ministro Tony Blair terá no próximo Parlamento. Todas as pesquisas de opinião prevêem a reeleição do governo trabalhista, com vantagem média de 18 pontos porcentuais. Até o líder da oposição, William Hague, e a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, ainda a figura dominante do Partido Conservador, admitem a derrota iminente ao advertirem para o risco de que uma nova vitória avassaladora de Blair criaria "uma ditadura eleitoral". Como a Grã-Bretanha não tem uma Constituição escrita, um primeiro-ministro com ampla maioria pode fazer na prática quase todas as reformas que quiser. Pelo sistema de voto distrital com turno único, com 44% dos votos válidos o Partido Trabalhista elegeu nas últimas eleições, em 1º de maio de 1997, 179 deputados a mais do que os conservadores na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, que tem 659 cadeiras. Agora, a expectativa é de uma margem ainda maior. Será provavelmente a primeira vez na história que o partido governará com maioria absoluta por dois mandatos consecutivos. Na reta final, a campanha tornou-se agressiva, negativista e personalista. Os conservadores divulgaram um vídeo com imagens de alunos depredando uma escola sem professor e saindo para a rua para roubar e se drogar. Já os trabalhistas fizeram sua propaganda na TV em cima da imagem pessoal de Blair. Como seu maior temor é a apatia do eleitorado, o governo colocou cartazes nas ruas com a imagem de Hague, que é careca, com o cabelo de Margaret Thatcher: "Se você não sair para votar, eles acabam entrando." A mensagem: Hague não tem idéias próprias e pensa com a cabeça dos outros. Diante do desespero em face da derrota inevitável, os conservadores se concentraram nos últimos dias na promessa de reduzir impostos em 8 bilhões de libras (US$ 12 bilhões) e no ataque contra a União Européia (UE) e à ameaça que a adesão ao euro traria à independência do país. Para ilustrar a suposta agressividade dos aumentos de impostos indiretos pelo governo Blair, produziram cartazes de rua com um punho cerrado com um soco inglês onde está escrito: impostos. Uma lembrança de que o vice-primeiro-ministro John Prescott deu um soco na cara de um manifestante que lhe jogou um ovo na cara. Mas nem o direto desferido por Prescott - ex-boxeador amador e ex-sindicalista, a face operária do Novo Trabalhismo - abalou o governo.

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