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Eleição de Cartes ao Senado paraguaio abre nova crise

Para oposição, manobra é ilegal; se ele renunciar para virar senador, Paraguai teria mulher como presidente interina

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Por Fernanda Simas
Atualização:

Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, venceu a eleição da semana passada e só assume a presidência no dia 15 de agosto, mas o Paraguai já ensaia uma nova crise política. Tudo porque Horacio Cartes, que deve entregar o cargo para Benítez, foi eleito senador. No entanto, há no Paraguai uma grande discussão sobre a validade de sua candidatura. Os novos senadores assumem em julho - seis semanas antes do próximo presidente. Assim, Cartes teria de renunciar ao cargo para assumir sua cadeira.

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A oposição, encabeçada pelo Partido Liberal e pela Frente Guasú, do ex-presidente Fernando Lugo, argumenta que a manobra é inconstitucional. Pela Constituição paraguaia, os ex-presidentes podem se tornar senadores vitalícios - com direito a voz, mas não a voto. Assim, o grupo ameaça não aceitar a renúncia de Cartes.

Horácio Cartes vota na eleição paraguaia, no dia 22; sua escolha para o Senado pode desatar a próxima crise política do país Foto: REUTERS/Mario Valdez

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Em setembro de 2008, uma crise parecida marcou os primeiros dias do governo de Lugo. O então presidente Nicanor Duarte havia sido eleito senador quando ainda ocupava a presidência.

Na ocasião, o Senado destituiu Duarte da posição de senador ativo, transformando-o em vitalício. O imbróglio se resolveu porque Duarte, bastante impopular e desgastado com o fim do mandato, acatou a decisão e desistiu do cargo.

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Agora, Duarte e Cartes faziam parte da lista de candidatos do Partido Colorado ao Senado. Ambos se apoiam em uma decisão judicial para se tornar senadores. A oposição, porém, promete briga. “Faremos de tudo para impedir que eles prestem juramento”, afirmou o senador liberal Miguel Abdón Saguier.

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Cartes garantiu que renuncia em julho. Se levar adiante seus planos, pela primeira vez na história, o Paraguai terá uma presidente: Alicia Pucheta, ministra da Suprema Corte, assumiria o Executivo até a posse de Benítez.

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