Eleição não acaba com impasse na Ucrânia

Diferença entre Yanukovich e Timoshenko é pequena e mostra que país continua dividido

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Por NYT e AP E REUTERS
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Kiev - Com 90% dos votos apurados na Ucrânia, ninguém sabe quem governará o país. As duas forças políticas que dividiram o eleitorado ao meio cantaram vitória ontem. Até o final da noite, o partido do primeiro-ministro Viktor Yanukovich, com 33,5% dos votos, liderava a apuração. O da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko vinha em segundo, com 31%, seguida do partido de seu aliado político, o presidente Viktor Yushchenko, com 14,5%. Tymoshenko e Yushchenko formam a chamada "coalizão laranja", em alusão à Revolução Laranja de 2004. O presidente foi o líder do processo de democratização. Ela, sua primeira-ministra. A união durou nove meses. Os dois se desentenderam e, em setembro de 2005, Timoshenko foi demitida. Apesar da rusga, ambos compartilham das mesmas idéias: integração da Ucrânia com a União Européia e com a Otan. Juntos, os dois têm 45,5% dos votos. Contudo, a questão ainda não está resolvida em razão da direção que partidos menores podem tomar. O premiê Yanukovich faz parte da "coalizão azul", pró-Rússia, que é contra a entrada da Ucrânia na UE e na Otan. Representante da minoria que fala russo - 25% da população -, Yanukovich não é fluente em ucraniano e, nos momentos de fúria, mistura as duas línguas. Uma de suas plataformas é fazer do russo a segunda língua do país. Para isso, ele contaria com o apoio dos comunistas, que obtiveram 5% dos votos, e do Partido Socialista, que teve 3%. Somados, os "azuis" teriam 41,5%. Assim, a decisão caberia ao pequeno Bloco Litvin, liderado pelo deputado Vladimir Litvin, que conseguiu 4% da votação. Litvin está dividido com relação aos "laranjas". Ele se dá bem com o presidente Yushchenko, mas odeia a ex-premiê Timoshenko. Ontem, disse que ainda não havia decidido quem apoiaria. Mesmo que obtenha maioria, a dupla Timoshenko e Yushchenko ainda terá de formar um governo de coalizão. Nas eleições do ano passado, essas mesmas negociações levaram meses e foram justamente o motivo que causou a crise política atual. Além disso, os resultados mostram que o país está dividido. O premiê Yanukovich ainda não reconheceu a derrota - disse que vai esperar o resultado oficial. De acordo com analistas, qualquer que seja o vencedor, há apenas uma certeza: as eleições não tiraram a Ucrânia do impasse político.

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