O presidente Donald Trump não esconde a campanha de terra arrasada que vai lançar contra o líder democrata Joe Biden, o qual chama de corrupto e de quem debocha constantemente. Ex-vice-presidente de Barack Obama, Biden lidera a preferência no Partido Democrata, à frente de seu adversário progressista Bernie Sanders, graças a uma mensagem de campanha tranquilizadora que defende o retorno à calma e à "decência" nos Estados Unidos.
O embate com Trump não se anuncia em nada, porém, como um percurso tranquilo. Recorrentemente, Trump ironiza Biden por suas gafes, insinuando que o ex-senador de 77 anos é senil. A reação de Trump à vitória de Biden nas primárias da "Superterça" deu uma ideia de como será até novembro.
Embora tenha parabenizado o ex-vice no dia seguinte por seu "incrível ressurgimento" na corrida pela Presidência, sugeriu que o democrata - apelidado pelo republicano de "Sleepy Joe" (Joe, o dorminhoco) - se mantém de pé apenas porque tem ajuda.
E, durante toda a semana, zombou dele publicamente por seus erros, afirmando que, se ele os tivesse cometido, "seria o fim do caminho".
'Bernie é mais fácil'
Apesar disso, todos os sinais dão a entender que Trump teme mais Biden do que Sanders, chamado por ele de 'Crazy Bernie' (o louco Bernie, em português).
No cálculo de Trump, um confronto com Sanders, um homem que visitou a União Soviética com sua mulher na viagem de lua de mel, que elogiou aspectos da Cuba comunista, define-se como "socialista democrático" e pretende revolucionar a economia americana seria um presente perfeito.
Em cada discurso, o magnata republicano lança advertências a seus concidadãos sobre o "pesadelo socialista" que os espera, em caso de vitória do senador por Vermont. Na semana passada, em um comício, Trump perguntou a seus eleitores quem ele deveria enfrentar. A multidão gritou "Sanders". Trump concordou. "Acho que Bernie é mais fácil de vencer", afirmou.
Operação para conter Biden
Biden carrega nas costas as longas décadas que passou no Congresso e até o fato de ser mais velho do que Trump, de 73 anos. Também terá de enfrentar a persistente oposição interna dos partidários de Sanders. Sua moderação e o fato de sua figura estar associada à do popular Obama parecem assustar o atual presidente.
No ano passado, Trump assumiu um grande risco para tentar descobrir provas de que Joe Biden usou sua influência política para conseguir um confortável trabalho na Ucrânia para seu filho Hunter quando era vice-presidente dos EUA. Nunca encontrou provas de fato, apesar de ter pressionado o presidente da Ucrânia para que seu país investigasse Biden. Disso, resultou um julgamento político contra Trump no Congresso, do qual foi absolvido.
Mesmo assim, ele espera tirar proveito da história da suposta corrupção de Biden, caso este último seja escolhido o candidato democrata para brigar pela Casa Branca. "Esse será um tema importante na campanha. Vou falar disso o tempo todo", disse o presidente, na quarta-feira, em entrevista a Sean Hannity, da Fox News. "Não vejo como poderão responder. (...) Foi um caso de corrupção pura", comentou.
Biden "sempre foi muito propenso a cometer gafes. Sempre foi, sempre esteve em apuros", insistiu Trump na conversa com Hannity, em um tom de preocupação. "Mas nunca como agora", acrescentou. "O que está acontecendo hoje é uma loucura", completou, seguindo sua estratégia de demolir seu potencial adversário de novembro./ AFP