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Eleição termina na Venezuela e pesquisa dá vitória a Chávez

Legislação eleitoral proíbe divulgação de enquetes de boca-de-urna, mas instituto contratado pelo governo dá 18 pontos de vantagem para o candidato à reeleição

Por Agencia Estado
Atualização:

Após um processo eleitoral tranqüilo e com grande participação popular, a Venezuela encerrou oficialmente a votação presidencial mais observada da história do país às 17h deste domingo (19h de Brasília). Embora proibidas de serem divulgadas em território nacional, as primeiras pesquisas de boca-de-urna divulgadas no exterior apontam a vitória do atual presidente, Hugo Chávez. Um levantamento do instituto americano Evan/McDough, divulgado apenas fora da Venezuela, indica que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, obteve 58% dos votos, enquanto o governador licenciado de Zulia, o oposicionista Manuel Rosales, ficou com 40%. Outros 2% foram para outros candidatos. Com a proibição oficial de divulgação de projeções na Venezuela antes da difusão do primeiro boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), os venezuelanos ainda esperarão algumas horas para saber quem ocupará o Palácio de Miraflores pelos próximos seis anos. Queixas generalizadas dos assessores de Rosales, marcaram o encerramento da eleição. Segundo os oposicionistas, soldados da Guarda Nacional forçaram presidentes de mesa a reabrir várias seções eleitorais, mesmo depois que o CNE declarou o encerramento da votação, pouco depois das 17 horas locais (19 horas de Brasília). Pela norma do CNE, só poderiam ficar abertos depois da declaração os locais onde ainda havia eleitores na fila. De acordo com um dos líderes da campanha de Rosales, Eliseo Fermin, em várias seções os militares obrigaram os mesários a permitir que grandes grupos de eleitores, que chegavam em ônibus, votassem. No entanto, outro cacique do comando de Rosales, o jornalista Teodoro Petkoff, que estava em Maracaibo, deu a entender que os incidentes do fim da votação "tinham sido quase todos resolvidos". Petkoff pediu, porém, que os fiscais da oposição se mantivessem alertas até o fim do processo de apuração. O líder da missão de observação do Mercosul, o ex-vice-presidente argentino Carlos "Chacho" Álvarez (durante o governo de Fernando de La Rúa, de 1999 a 2001), no entanto, declarou ao Estado que nenhuma irregularidade grave tinha sido constatada durante a eleição. "A missão do Mercosul não registrou ocorrências que pudessem alterar de modo substantivo o resultado da votação", disse Álvarez. Contagem oficial A estimativa dos meios de comunicação venezuelanos era a de que só entre quatro ou cinco horas depois de emitido o último voto, o CNE divulgaria o primeiro resultado preliminar. A votação na Venezuela é totalmente eletrônica - incluindo o processo de transmissão dos resultados para o centro de computação do conselho, em Caracas. Por isso, funcionários eleitorais esperavam que, já no primeiro boletim, se apresentariam resultados de mais de 60% dos votos. Além da apuração eletrônica, o CNE se comprometeu a contar, como forma de auditoria, 54% dos comprovantes eleitorais que a máquina emite. Caso a pesquisa da Evans/McDonough se confirme, esta seria a quarta vitória do presidente venezuelano sobre a oposição desde que chegou ao poder, em 1998. Tenente-coronel da reserva do Exército, Chávez tornou-se conhecido depois de liderar uma fracassada tentativa de golpe militar em fevereiro de 1992. Depois, tornou-se amigo íntimo do cubano Fidel Castro e elegeu o governo dos EUA - para quem vende quase 3 milhões de barris de petróleo por dia - como inimigo preferencial. Rosales, por seu lado, apresentou-se como o candidato unificado de uma coalizão de nove partidos da oposição - que vai da centro-direita à centro-esquerda - com o objetivo de pôr fim ao chavismo. Segundo os oposicionistas, Chávez pretende aprofundar sua "revolução bolivariana", implementando na Venezuela o modelo de regime cubano, de partido único e restrição das liberdade de expressão e das garantias individuais. Texto alterados às 00h01

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