LA PAZ - O candidato da oposição derrotado na corrida à presidência da Bolívia, Carlos Mesa, afirmou que só aceitará uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre as eleições de 20 de outubro se o presidente Evo Morales não reconhecer vitória em primeiro turno.
A declaração foi uma resposta de Mesa ao governo, que pediu que ele participasse de uma auditoria, liderada pela OEA, juntamente com representantes do México, do Paraguai e do Peru, para reavaliar o processo eleitoral.
Em Santa Cruz (leste), o opositor disse a jornalistas que apresentou um ‘contra-questionamento’ ao governo: “Se está disposto a não aceitar o resultado do Tribunal Supremo Eleitoral” enquanto a auditoria é realizada e se reconhecerá um ‘caráter vinculante’.” Mesa afirmou que só dessa maneira aceitará participar da auditoria, como pediu o vice-presidente Álvaro García. Ele acrescentou que aguarda uma resposta do governo.
A auditoria foi apresentada na última semana por Evo ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, depois que a oposição denunciou uma suposta fraude nas eleições a favor do mandatário e com cumplicidade do Tribunal Eleitoral (TSE).
A princípio, o sistema de contagem rápida de votos do TSE previa um segundo turno entre Evo e Mesa. No entanto, após 20 horas sem novas informações sobre o andamento da contagem, o tribunal passou a indicar uma vitória de Morales no primeiro turno e, logo depois, declarou o presidente reeleito com 47,08% dos votos contra 36,51% de Mesa. A lei eleitoral boliviana considera vitorioso em primeiro turno o candidato que tiver mais de 50% dos votos ou conseguir 40% dos votos e uma vantagem de 10 pontos porcentuais em relação ao segundo colocado.
Luis Almagro aceitou a solicitação de Evo e propôs uma análise integral e vinculativa dos resultados da auditoria, que ainda não tem data definida de realização.
Mesa lembrou que a própria missão de observadores da OEA encontrou ‘uma irregularidade gigantesca’ e ‘aspectos inaceitáveis’ nas eleições, razão pela qual sugeriu a realização de uma nova votação entre Evo e Mesa. Essa proposta também tem apoio da União Europeia e países como Estados Unidos, Colômbia e Brasil.
Sobre os protestos contra o resultado das eleições, Mesa ressaltou que “a mobilização do povo boliviano não será suspensa, não será detida”. As manifestações já entram em sua segunda semana e registram confrontos esporádicos entre governistas e opositores diariamente. / AFP