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Elite regional quer evitar expropriação de terras

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Por Redação
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Com o estatuto de autonomia, a elite político-econômica de Santa Cruz pretende ampliar seu poder na briga com o governo pelas terras férteis do leste do país. Pelo estatuto, o governo local outorgará títulos de posse de terra no departamento, onde boa parte das famílias tradicionais possui grandes propriedades rurais. O objetivo é reduzir o risco de expropriação. "Os crucenhos temem que o governo avance sobre suas terras, como parece que já ocorre em alguns pontos do território", diz o cientista político Carlos Cordeiro. Recentemente, produtores da província crucenha de Cordillera entraram em choque com partidários do governo que pretendiam catalogar terras improdutivas para a reforma agrária. O objetivo? Impedir que o levantamento fosse feito antes do referendo sobre a autonomia. A reforma agrária é uma das principais promessas do presidente Evo Morales. Com o referendo sobre a nova Carta, ele também prevê consultar a população sobre qual deveria ser o limite máximo dos latifúndios no país: 5 mil ou 10 mil hectares. Só o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Branko Marinkovic, tem 17 mil hectares cuja função econômica "ainda não foi definida", segundo o governo central. Além disso, o oriente e o ocidente bolivianos têm visões irreconciliáveis. A elite crucenha quer tornar a Bolívia uma economia aberta e competitiva - com uma agricultura de ponta. Já Evo fala em "refundar o país", ampliar os direitos dos indígenas e classes marginalizadas e até "abolir o capitalismo" - idéia que defendeu recentemente num discurso na ONU, para o pânico dos crucenhos.

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