ABU DHABI - O papa Francisco pediu nesta segunda-feira, 4, o fim das guerras no Oriente Médio, cujas "consequências prejudiciais" são visíveis atualmente "no Iêmen, Síria, Iraque e Líbia", durante um encontro internacional inter-religioso em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Essa é a primeira visita de um líder da Igreja Católica à Península Arábica, berço do islamismo.
"A fraternidade humana exige de nós, representantes das religiões, o dever de banir qualquer nuance de aprovação da palavra guerra", insistiu o pontífice, lembrando que a guerra é sinônimo de "miséria" e "crueldade.
O papa cobrou ainda que se condene de forma enérgica qualquer violência que seja justificada pela religião."É preciso condenar sem hesitação toda forma de violência, porque usar o nome de Deus para justificar o ódio e a violência contra um irmão é uma grave profanação. Não há violência que encontre justificativa na religião", afirmou.
Segundo o papa, as pessoas não devem "cair na tentação recorrente de julgar os restantes como inimigos e adversários". E pediu que a "brecha entre amigos e inimigos" seja superada.
"Não há alternativa: ou construímos o futuro juntos ou não haverá futuro", alertou o papa no Memorial do Fundador dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Zayed bin Sultan al Nahyan.
"As religiões, de modo especial, não podem renunciar à tarefa urgente de construir pontes entre os povos e as culturas", afirmou o pontífice após anunciar a assinatura de um documento de Fraternidade Humana com o grande imã de Al Azhar, Ahmed al Tayyip, considerado como máxima autoridade do islã sunita.
"Chegou o momento em que as religiões precisam se empenhar mais ativamente, com coragem e audácia, com sinceridade em ajudar a família humana a amadurecer a capacidade de conciliação, a visão de esperança e os caminhos concretos de paz", completou o papa.
O papa visitou os Emirados Árabes Unidos no ano que marca o oitavo centenário do encontro de São Francisco de Assis e o sultão Malik al Kamil. Francisco também entregou uma medalha ao príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al Nayhan.
"Aceitei a ocasião para vir aqui como um crente sedento de paz, como um irmão que procura a paz com os irmãos. Querer a paz, promover a paz, ser instrumento da paz: estamos aqui para isso", disse Francisco.
O pontífice também ressaltou que, nos Emirados Árabes Unidos, o "deserto se transformou em um lugar próspero e hospitalar", de "encontro entre culturas e religiões" e que oferece esperança a muitas pessoas de diferentes povos.
"Com esse mesmo espírito desejo que, não só aqui, mas em toda a amada e nevrálgica região do Oriente Médio, haja oportunidades concretas de encontro: uma sociedade onde pessoas de diferentes religiões tenham os mesmos direitos", afirmou o papa. / AFP e EFE