Em ato histórico, rainha Elizabeth II e ex-dirigente do IRA apertam as mãos

Gesto comprova êxito do processo de paz e sela a reconciliação entre dois antigos inimigos

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Por Efe
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BELFAST, GRÃ-BRETANHA - Em um ato histórico, a rainha Elizabeth II e o vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e ex-comandante do extinto Exército Republicano Irlandês (IRA), o republicano Martin McGuinness, apertaram as mãos durante uma reunião realizada em Belfast.Veja também:linkRainha Elizabeth II encontra familiares de vítimas do IRAlinkTorre do Big Ben será renomeada Elizabeth TowerO encontro foi realizado a portas fechadas em um teatro da capital norte-irlandesa, mas foi registrado pela imprensa e divulgado pelas cadeias britânicas. Elizabeth II está na Irlanda do Norte como parte das comemorações de seu Jubileu de Diamantes, que celebra seus 60 anos no trono do Reino Unido.O gesto comprova o êxito do processo de paz e sela a reconciliação entre dois antigos inimigos, representados pela soberana e o ex-dirigente paramilitar, símbolos do vínculo da província com o Reino Unido e da oposição à presença britânica na Irlanda do Norte, respectivamente.Além dos dois, vários outros governantes e personalidades participaram do encontro. Depois da reunião, a comitiva percorreu as instalações do Teatro Lírico de Belfast para apreciar obras de arte ao lado de Elizabeth II, que escolheu roupas verdes, cor da Irlanda, para a ocasião.Um porta-voz do Sinn Fein, braço político do IRA, disse que o partido preferiu não participar das celebrações do Jubileu e afirmou que o encontro de McGuinness e Elizabeth II se insere no contexto do processo de paz.Há cerca de um ano, o Sinn Fein se opôs à visita que a rainha realizou para a Irlanda, a primeira de um monarca britânico a esse país desde sua independência do Reino Unido, em 1921.Na ocasião, a formação republicana considerou que as feridas do passado ainda não tinham se fechado, mas segundo McGuinness a opinião do partido mudou quando a rainha reconheceu em Dublin o sofrimento causado na ilha por algumas ações das forças de segurança britânicas.McGuinness reconheceu que a própria soberana sofreu na carne com o conflito, pois seu primo Lorde Mountbatten, tio preferido do príncipe Charles, morreu num atentado do IRA perpetrado na República da Irlanda em 1979.A bem-sucedida visita de Elizabeth II à Irlanda do Norte será encerrada hoje com uma grande festa no Castelo de Stormont, sede do Parlamento norte-irlandês, numa celebração que deverá receber 20 mil pessoas.  

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