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Em Belém, um Natal sem turistas e com comércio em desespero

Por causa das restrições adoradas pela pandemia, ruas estão vazias e missas serão transmitidas online

Por Guillaume Lavallée e AFP
Atualização:

Neste Natal, não haverá turistas em Belém. Os vendedores de relíquias estão desesperados em ruas quase desertas e o clero se prepara para celebrações inusitadas: sem fiéis, mas com muitas orações para esses tempos difíceis.

Em Belém, em dezembro do ano passado, uma multidão de ônibus climatizados levava dezenas de milhares de turistas para esta pequena cidade palestina, a menos de 10 km de Jerusalém, atrás de um muro de concreto construído por Israel.

Ruas da cidade bíblica de Belém, que ficavam lotadas antes do Natal, estão desertas pelo coronavírus Foto: HAZEM BADER / AFP

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Na caverna próxima à Basílica da Natividade, quatro monges quase em transe recitam suas orações em armênio. Suas vozes reverberam na cavidade, em meio à fumaça de incenso.

"Às vezes, mais de meio milhão de pessoas vinham à Basílica durante as festas, mas este ano com o coronavírus há muitas restrições sanitárias (...). Há menos comércio, porém mais religião", disse Rami Asakrieh, o padre da paróquia de Belém na Cisjordânia ocupada. 

Neste ano, na noite de 24 de dezembro, não haverá missa com público na Basílica, nem a presença de dirigentes palestinos, liderados pelo presidente Mahmud Abbas. A missa de Natal apenas com os sacerdotes será transmitida em todo o mundo.

"Luto e dor" 

Nos últimos dias antes do Natal, a capela de Santa Catarina foi aberta ao público local, assim como a Basílica da Natividade.

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"O Natal é a festa da alegria e da paz para todos os povos, mas este ano, por causa da pandemia (...) predomina a depressão", lamenta Nicolas al-Zoghbi ao sair da missa, falando do "luto e dor" pelos que, como seu filho, perderam por exemplo seu trabalho. 

Nas ruas, a economia local está por um fio. "Faz 60 anos que estou neste negócio e nunca na minha vida vi algo assim, nem mesmo durante as revoltas palestinas na Cisjordânia" - território ocupado por Israel desde 1967 -, conta desesperado Georges Baboul, sentado em frente à sua loja.

Sem presentes em Gaza

Sem turistas estrangeiros, os comerciantes de Belém também não podem contar com as centenas de cristãos da Faixa de Gaza, território palestino sob bloqueio de Israel, que cruzam o território israelense para visitar Belém.

"Neste ano, não tivemos a permissão por causa da pandemia de coronavírus", explica o padre Yusef Asad, do monastério latino de Gaza.

Assim como as mesquitas deste enclave, sob controle do Hamas, a igreja latina também está fechada ao público e as missas são transmitidas online.

Isa Abu Georges, que não pôde comprar presentes para seus filhos, assiste as missas pela internet.

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No Natal, "minha família e eu rezaremos a Deus para que a pandemia acabe e a paz prevaleça na Terra Santa e no mundo".

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