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Em carta, agressor da Champs-Elysées jurou lealdade ao EI

O fato de Adam Djaziri possuir porte legal de armas, mesmo fichado, levantou questionamentos nesta terça-feira na França

Atualização:

PARIS - O islamita radicalizado de 31 anos que morreu na segunda-feira, em Paris, após uma tentativa de atentado contra a polícia na Avenida Champs-Elysées deixou uma carta na qual jura lealdade ao líder do grupo Estado Islâmico (EI), Abou Bakr al-Baghdadi, segundo uma fonte próxima da investigação.

Na carta, encontrada pelos investigadores e destinada ao seu cunhado, o suspeito afirma ter jogado um "jogo duplo" ao acumular um verdadeiro arsenal por trás da prática de tiro esportivo com o objetivo de cometer um atentado, aponta a fonte, confirmando uma informação do canal BFMTV.

Adam Djaziriavançou com seu carro contra um veículo da polícia na avenida Champs-Elysées e morreu em um incidente qualificado pelas autoridades como "tentativa de atentado" Foto: Noemie Pfister via AP

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O fato de o indivíduo possuir porte legal de armas, mesmo fichado, levantou questionamentos nesta terça-feira, 20, na França.

Adam Djaziri tinha "ficha S" (de Segurança de Estado) desde 2015 por pertencer ao movimento islamita radical. Jamais condenado, tinha porte de armas e praticava tiro esportivo.

"Ninguém pode estar satisfeito com isso, eu certamente não estou", afirmou nesta terça-feira o primeiro-ministro Edouard Philippe, num momento em que um projeto de lei antiterrorista deve ser apresentado esta semana em Paris.

O pai do agressor havia confirmado segunda-feira à noite à agência France-Presse que seu filho "tinha uma arma declarada e treinava tiro".

"O que sei é que a primeira autorização para a posse de armas foi concedida antes do indivíduo ser fichado (...) E, naquele momento, ele não tinha nenhum antecedente criminal que justificasse uma decisão de não autorizar a posse de armas", explicou o primeiro-ministro.

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No fim de novembro de 2016, ao tentar renovar a autorização, uma investigação administrativa foi conduzida, mas os serviços de inteligência não consideraram oportuno retirar a permissão.

Djaziri avançou na segunda-feira, pouco antes das 16h (11h de Brasília), com seu carro contra um veículo da polícia na turística Avenida Champs-Elysées e morreu em um incidente classificado pelas autoridades como "tentativa de atentado".

Dentro do veículo, as autoridades encontraram um cilindro de gás, um fuzil israelense, duas pistolas e uma grande quantidade de munição. Nenhuma outra pessoa ficou ferida na tentativa de ataque.

Além disso, um "arsenal" foi apreendido na residência do homem, segundo uma fonte próxima da investigação. Ele possuía ao menos nove armas registradas, de acordo com a fonte.

Gravemente ferido, Adam Djaziri morreu pouco depois de tentar atacar os policiais. Marcas de queimadura foram encontradas em seu corpo, mas ainda não está claro as causas precisas da morte, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

Apesar de o ataque não ter sido reivindicado, o modus operandi e o alvo correspondem aos dos jihadistas.

A ex-mulher, o irmão, a cunhada e o pai de Adam Djaziri foram presos durante as buscas na residência da família, descrita como salafista, em Plessis-Pâté, pequena cidade a cerca de 30 km ao sul de Paris, segundo a fonte.

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"Eles tinham uma prática religiosa muito rigorosa", declarou o prefeito Sylvain Tanguy, citando uma "família muito discreta, que não saia muito".

O homem havia sido notado em 2015 pelas autoridades em razão de viagens à Turquia. Ele citou motivos profissionais para justificar estes deslocamentos em um país conhecido por ser uma rota preferencial dos jihadistas europeus para a Síria, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.

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Desde janeiro de 2015, a França tem sido alvo da violência extremista, com uma onda de atentados que fizeram 239 mortos. Os últimos ataques a atingir a França tiveram como alvo as forças de segurança.

O incidente desta segunda-feira acontece menos de duas semanas após o ataque a um policial na frente da catedral de Notre-Dame de Paris por um homem armado com um martelo que, ferido e preso, afirmou ser um "soldado" do grupoEstado Islâmico.

Em 20 de abril, um policial foi morto na Avenida Champs-Elysées, pouco antes do primeiro turno da eleição presidencial francesa. O autor do ataque, Karim Cheurfi, foi morto depois de ferir outros dois agentes. O ataque também foi reivindicado pelo EI. / AFP

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