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Em carta, Saddam afirma que sua "libertação está ao alcance das mãos"

Carta do ex-presidente iraquiano pede ao povo do Iraque que pare com a violência sectária e se concentre na luta contra as tropas estrangeiras no país

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente iraquiano deposto Saddam Hussein alertou a seus compatriotas que a "libertação está ao alcance das mãos" e recomendou aos insurgentes que sejam piedosos com seus inimigos, dizia uma carta aberta divulgada pelos advogados do ex-ditador em Amã, na Jordânia. Enquanto isso, em Bagdá, fontes judiciais disseram nesta segunda-feira que o veredicto de Saddam e mais sete réus no julgamento pela morte de 148 xiitas em Dujail no início da década de 1980 será anunciado em 5 de novembro. Originalmente, o anúncio estava previsto para esta segunda-feira, mas foi adiado recentemente para que os juízes tivessem tempo de reexaminar provas e talvez reconvocar testemunhas. Mensagem Na carta de três páginas, ditada a seus advogados, Saddam também pede aos iraquianos que se distanciem dos conflitos sectários e das diferenças étnicas e concentrem-se na expulsão das tropas estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos no Iraque. "O momento da libertação está ao alcance das mãos, se Deus quiser, mas lembrem-se que o objetivo de curto prazo é a libertação de nosso país das forças de ocupação e de seus seguidores. Não percam tempo com acertos de contas", diz Saddam na carta com data de domingo e escrita em árabe. Ele assina a missiva como "Saddam Hussein al-Majid, presidente e comandante-em-chefe das forças armadas de combatentes sagrados". Saddam diz ter escrito a carta, endereçada a todos os iraquianos, por acreditar que suas oportunidades para manifestar opiniões estão limitadas na prisão. Khalil al-Dulaimi, chefe da equipe de advogados de defesa de Saddam, afirmou que o presidente deposto ditou a carta durante um encontro de quatro horas na prisão onde é mantido em Bagdá. Dulaimi disse ter digitado a carta no domingo. Segundo Saddam, os iraquianos "vivem o mais difícil período de sua história por causa da ocupação, dos assassinatos, da destruição e dos saques". Em resposta aos temores de que o Iraque possa vir a se desintegrar, Saddam defende "um grande Iraque unificado, que não seja dividido por nenhuma cor, segmento ou acusação". Saddam atribui o recrudescimento da violência sectária entre a maioria xiita e a minoria sunita ao que qualifica como "uma vitória dos estrangeiros que semeiam divisões" entre os iraquianos. O ex-presidente, que é sunita, pede ainda à minoria sunita que perdoe seus oponentes iraquianos, inclusive aqueles que ajudaram as forças americanas a matarem dois de seus filhos. "Quando conquistarem a vitória, lembrem-se que vocês são soldados de Deus. Portanto, vocês devem perdoar genuinamente e deixar de lado a vingança que derrama o sangue de nossos filhos e irmãos, inclusive o dos filhos de Saddam Hussein", declarou em terceira pessoa. Saddam recorreu ao profeta Maomé e a Jesus Cristo para insistir no perdão entre os iraquianos. "Vocês devem ter em mente os ensinamentos do profeta, entre eles os honrados Maomé e Jesus, filho de Maria. Ambos perdoaram e voltaram-se para Deus, suplicando a Ele que perdoasse aqueles que eles haviam perdoado, inclusive aqueles que os feriram", prosseguiu. Violência em Bagdá Em Bagdá, o procurador-chefe no segundo julgamento de Saddam Hussein foi morto a tiros nesta segunda-feira na frente de própria esposa em sua casa na região oeste da capital iraquiana, informaram autoridades. Imad al-Faroon teria tido morte instantânea. Ele era irmão do procurador-chefe Muqith al-Faroon, que lidera a equipe que acusa Saddam de crimes contra a humanidade por suposta participação no massacre de dezenas de milhares de curdos durante a guerra Irã-Iraque, entre os anos de 1980 e 1988.

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