Em Cuba, papa diz que reconciliação com EUA é exemplo contra guerra

Temendo uma terceira guerra mundial em etapas, pontífice faz apelo para que reaproximação entre rivais seja seguida ao redor do mundo

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Por Felipe Corazza
Atualização:
Papa Francisco chega a Cuba e é recebido pelo presidente Raúl Castro Foto: Alejandro Ernesto / EFE

HAVANA - O papa Francisco desembarcou na tarde deste sábado, 19, no aeroporto internacional José Martí, em Havana, e foi recebido pelo presidente cubano, Raúl Castro. Em seu discurso de chegada, o pontífice pediu que a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos seja um exemplo de reconciliação para evitar uma "terceira guerra mundial em etapas" no mundo. 

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"O mundo precisa de reconciliação, principalmente num momento de terceira guerra mundial em etapas em que estamos vivendo", afirmou o papa. 

No discurso, Francisco também pediu que Raúl transmitisse "sentimentos de especial consideração e respeito" ao irmão Fidel Castro, líder da Revolução Cubana.

Segundo apurou o Estado, apesar de não haver previsão na agenda oficial, Francisco deve se encontrar com Fidel na noite de hoje ou no fim da tarde de amanhã.

Mediador do diálogo que levou à retomada da relação bilateral entre Cuba e os Estados Unidos, o papa celebrou o acordo anunciado pelos presidentes Raúl e Barack Obama no dia 17 de dezembro. "Temos sido testemunhas de um acontecimento que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre dois povos, após anos de afastamento".

Francisco sinalizou novamente um pedido pela queda do embargo econômico contra a ilha ao conclamar "os responsáveis políticos a prosseguir por este caminho e a desenvolver todas as suas potencialidades". 

O fim do embargo é um dos pedidos centrais do regime cubano na negociação para normalização plena da situação em relação a Washington, mas é uma ação que depende de votação no Congresso dos Estados Unidos.

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Lembrando que o caminho que levou à abertura foi iniciado pelo papa João Paulo II, que visitou a ilha em 1998, Francisco comparou as declarações do então pontífice a escritos de José Martí, herói nacional cubano. 

O líder católico afirmou que Cuba tem "vocação natural" para "ser ponto de encontro para que todos os povos se reúnam na amizade, como sonhou José Martí". E continuou: "Este mesmo desejo foi exprimido por São João Paulo II com seu ardente apelo para que 'Cuba, com todas as suas magníficas possibilidades, se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba'". 

Após a chegada e a recepção no aeroporto, o papa iniciou o cortejo pelas ruas da cidade a caminho da Nunciatura Apostólica, onde ficará hospedado durante a etapa da viagem na capital.

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