Em cúpula com Rússia e Irã, Erdogan pede cessar-fogo na província síria de Idlib

Hassan Rohani defende que combate ao ‘terrorismo’ na região é inevitável, mas ‘não se deve fazer os civis sofrerem’; Vladimir Putin afirma que foi discutida a 'estabilização gradual' em Idlib, com a possibilidade de um acordo com alguns grupos rebeldes

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Por Redação
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TEERÃ - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu nesta sexta-feira, 7, a instauração de um cessar-fogo na Província de Idlib, último grande bastião extremista e rebelde na Síria, durante uma cúpula em Teerã dedicada à situação na região. Também participaram da reunião os líderes do Irã, Hassan Rohani, e da Rússia, Vladimir Putin.

Os líderes da Rússia, Vladimir Putin (esq.), do Irã, Hassan Rohani (centro), e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se reuniram em Teerã para uma cúpula dedicada à situação na Província de Idlib Foto: Serviço de imprensa da presidência da Turquia / AFP

“Se conseguirmos emitir aqui uma declaração de cessar-fogo, então seria um dos resultados mais importantes desta cúpula e acalmaria a população civil”, afirmou Erdogan. Para ele, um assalto à província provocaria "uma catástrofe, um massacre e um drama humanitário". "Não queremos de modo algum que Idlib se transforme em banho de sangue", acrescentou.

As forças sírias realizam há dias disparos de artilharia contra a Província de Idlib; na foto, muçulmana turca protesta contra as ações militares na região síria Foto: Yasin Akgul / AFP

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Os presidentes discutiram a "estabilização gradual" na província, com a possibilidade de um acordo com alguns grupos rebeldes, disse Putin. "Discutimos medidas concretas para uma estabilização gradual na zona de desescalada de Idlib, que prevê, particularmente, a possibilidade de passar a um acordo para os que estiverem dispostos ao diálogo", acrescentou.

"Trabalhamos e continuamos a trabalhar para reconciliar as partes do conflito, sempre excluindo as organizações terroristas. Esperamos que estes últimos tenham bom senso o suficiente para entregar as armas e colocar um fim ao confronto", afirmou o mandatário russo. "Nossa prioridade comum e incondicional é liquidar definitivamente o terrorismo na Síria", insistiu ele, após o encontro. "Nosso objetivo principal na etapa atual é caçar os combatentes da Província de Idlib, onde sua presença constitui uma ameaça direta à segurança dos cidadãos sírios e habitantes de toda região."

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Os líderes se reuniram no norte da capital iraniana no momento em que a comunidade internacional volta suas atenções para Idlib. Teme-se uma crise humanitária diante da iminência da ofensiva por parte do governo. A Turquia, aliada dos rebeldes, dispõe de tropas na província síria e teme uma chegada em massa de refugiados a seu território.

A luta contra "o terrorismo" em Idlib é inevitável, mas "não se deve fazer os civis sofrerem", disse Rohani na capital iraniana. "Combater o terrorismo em Idlib é uma parte inevitável da missão, que consiste em levar paz e estabilidade à Síria, mas esse combate não deve fazer os civis sofrerem, ou levar a uma política de terra arrasada.”

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Nesta sexta, aviões russos bombardearam posições rebeldes e extremistas em Idlib, deixando dois mortos, informou uma ONG Foto: Anas Al-Dyab / AFP

Putin, por sua vez, afirmou que "o governo (...) sírio tem o direito de assumir o controle da totalidade de seu território nacional e deve fazê-lo". 

Bombardeios

Nesta sexta, aviões russos bombardearam posições rebeldes e extremistas em Idlib, deixando dois mortos, informou uma ONG. Decidido a recuperar o conjunto do território sírio, o presidente sírio, Bashar Assad, congrega esforços nos arredores da província, na fronteira com a Turquia. A região é dominada pelos extremistas do Tahrir al-Sham (HTS) e também acolhe importantes facções rebeldes.

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As forças sírias realizam há dias disparos de artilharia contra a região, enquanto o aliado russo lança bombardeios aéreos esporádicos, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). "O objetivo é destruir as fortificações dos insurgentes", afirmou o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman. / AFP e EFE

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