PUBLICIDADE

Em debate tenso, vice de Obama ataca ‘ânsia’ de Romney por guerra com Irã

Biden promete punir responsáveis por morte de diplomata em Benghazi; mais contido, republicano Paul Ryan critica economia

Por Denise Chrispim Marin , Gustavo Chacra e correspondentes
Atualização:

DANVILLE, KENTUCKY, EUA - Com agressividade evidente, o democrata Joe Biden e o republicano Paul Ryan trocaram acusações nesta quinta-feira, 11, no único debate entre candidatos a vice-presidente dos EUA para o mandato que vai de 2013 a 2017. O atual vice usou a ironia para abordar vários temas e criticou a "ânsia" de Mitt Romney, o desafiador da reeleição do presidente Barack Obama, por uma nova guerra no Oriente Médio.

 

 

PUBLICIDADE

Biden defendeu o plano do atual governo de reduzir a taxação sobre a classe média para estimular a economia. Ryan atacou a credibilidade de Obama na condução da crise nuclear com o Irã e a continuidade da atual política econômica.

 

A possibilidade de guerra dos EUA, aliado de Israel, contra o Irã foi um dos trechos mais quentes do debate. Ryan acusou o governo Obama de ter tido quatro anos para impedir a evolução do programa nuclear de Teerã e de ter limitado o seu apoio à segurança de Israel. "Impusemos a maior sanção da história (contra o Irã). Vocês querem ir à guerra agora. A última coisa que precisamos é de uma guerra", declarou Biden. "Queremos evitar a guerra", rebateu Ryan, para em seguida admitir que, entre uma nova guerra no Oriente Médio e a presença de um Irã nuclear, a segunda hipótese seria a pior.

 

Sarcasmo

 

No primeiro bloco de perguntas, centrado em questões de política externa, Biden mostrou-se sarcástico e riu das respostas de Ryan, um novato nesse campo. Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o vice-presidente mostrou-se versátil e preparado para desconstruir as críticas de seu opositor. Sobretudo, quando o tema foi a demora da Casa Branca em admitir que o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, em 11 de setembro, fora organizado por terroristas.

 

Biden insistiu que o governo Obama levará à Justiça os responsáveis pelo atentado, no qual morreram o embaixador americano, Christopher Stevens, e outros três funcionários do Departamento de Estado. Explicou ainda que a resposta da Casa Branca seguiu a evolução das informações coletadas pela inteligência. Ryan, porém, soltou frases de efeito para contaminar a argumentação. "Era o aniversário de 11 de setembro (os atentados de 2001), era a Líbia, e não demos um grupo de marines para proteger o nosso embaixador?", reagiu Ryan.

 

Precedentes

Publicidade

 

O impacto do debate entre os dois candidatos à Casa Branca na semana passada nas pesquisas eleitorais aumentou a pressão sobre o confronto entre os seus parceiros de chapa. Apesar de não ser definitivo para as eleições, o debate entre os candidatos a vice-presidente era visto pelo lado democrata como uma oportunidade de reverter a impressão negativa deixada por Obama na semana passada. Para os republicanos, poderia resultar em ganhos essenciais para a vitória em 6 de novembro.

Pela primeira vez desde o início da campanha, Romney ultrapassou ontem o presidente em quatro de oito pesquisas realizadas desde o dia 1.º. A média das consultas calculada pelo Real Clear Politics atribuía ao republicano 47,1% das intenções de voto, contra 46,4% para Obama.

 

O debate envolvia dois políticos de carreira, ambos católicos. Biden, de 67 anos, democrata liberal da Nova Inglaterra, iniciou sua vida pública em 1970, como vereador de New Castle, e dois anos depois foi eleito senador por Delaware, posto que ocupou até 2008, quando assumiu a vice-presidência dos EUA. Ryan faz parte da nova geração de republicanos de direita radical. Tem 42 anos, foi eleito deputado federal por Wisconsin em 1998 e, desde então, tem sido reeleito. Quando Biden concorreu nas primárias democratas para ser candidato à Casa Branca, em 1988, Ryan estava no colegial.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.