PUBLICIDADE

Em dia mais violento, 17 morrem em territórios palestinos

Nos últimos dois dias, 24 pessoas morreram em conflitos entre Hamas e Fatah

Por Agencia Estado
Atualização:

No dia de maior violência interna nos territórios palestinos desde que o Hamas assumiu o governo, integrantes do Fatah atacaram uma universidade ligada ao grupo islâmico nesta sexta-feira, incendiando dois prédios e elevando para 24 o número de mortos nos últimos dois dias. De uniformes pretos e utilizando máscaras, os invasores correram pelo campus da universidade, considerada uma fortaleza do Hamas, subiram no teto da mesquita da escola e trocaram tiros com forças do Hamas. O ataque desta sexta-feira resultou na morte de pelo menos 17 pessoas, incluindo quatro crianças. Este já é o dia mais violente nos territórios palestinos desde que o Hamas assumiu o poder, em janeiro de 2006. Com hospitais lotados e os habitantes de Gaza se escondendo em suas casas para fugir do fogo-cruzado, somam-se agora 24 baixas e 245 feridos desde quinta-feira. Em resposta, integrantes armados do Hamas destruíram a estação de rádio Voz dos Trabalhadores, filiada ao Fatah, na cidade norte de Jabaliya, após cinco horas de cerco, de acordo com Rasem Bayri, chefe da Federação Palestina de Sindicatos. Os integrantes do Hamas baixaram a bandeira palestina no topo do prédio e colocaram uma bandeira verde do Hamas, disse Bayri. As mortes marcam o fim de uma trégua negociada entre o Hamas e o Fatah há uma semana. A violência começou na quinta-feira, quando um comboio de quatro caminhões que supostamente transportava armas para a segurança pessoal do presidente palestino e integrante do Fatah, Mahmoud Abbas, foi abordado pelo Hamas. Seis pessoas morreram no conflito, entre eles um garoto de 12 anos. Horas depois, o troco do Hamas veio com um ataque de integrantes da facção a dois prédios da Univerisade Al-Quds, filiada ao Fatah, em dois locais diferentes de Gaza, segundo autoridades da segurança palestina. Uma testemunha disse que morteiros foram atirados contra o prédio. O Hamas invadiu uma estação policial dominada pelo Fatah em Gaza. No norte da cidade, o Hamas tomou um quartel-general do Serviço de Segurança Preventiva, um posto policial, escritórios de inteligência e uma base usada pela elite da força de Abbas. Nova trégua Na tarde desta sexta-feira, líderes das duas facções concordaram em dar início a um novo cessar fogo, mas precisam de mais reuniões para acertar os detalhes e recuar suas tropas. Abbas irá se encontrar na Arábia Saudita com Khaled Mashaal, líder do Hamas, além de enviar um assessor para negociar uma trégua com o primeiro-ministro palestino, integrante do Hamas, em Gaza. O anúncio do acordo aconteceu após um encontro na embaixada egípcia. "Nós, líderes dos dois grupos, concordamos com a ajuda de Deus em um cessar-fogo", disse Nizan Rayan, líder regional do Hamas. "As medidas que serão tomadas serão discutidas nas próximas horas" disse o porta-voz do Fatah Abdel Hakim Awad, apontando que, a princípio, um acordo foi fechado. O Egito costuma intermediar diplomaticamente os diálogos entre as duas facções. Inesperadamente, o cabeça da delegação de segurança do Egito na Faixa de Gaza, o General Burhan Hamad, culpou o Hamas pela quebra do cessar-fogo de quinta-feira. Boicote Os conflitos entre as duas facções palestinas se intensificaram desde que o Hamas venceu eleições parlamentares, ano passado. Estados Unidos, Israel e a União Européia (UE) listam o Hamas como um grupo terrorista, e iniciaram um boicote econômico aos palestinos após a Vitório do grupo islâmico. A comunidade internacional exige que o grupo renuncie aos atos de violência e reconheça o direito de existir de Israel. Para acabar com o boicote, os moderados do Fatah propuseram a criação de um governo de união nacional que pudesse ser aceito por Israel, EUA e UE. As negociações estão em um impasse atualmente, o que tem gerado toda a violência nos territórios palestinos. Matéria atualizada às 15:24

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.