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Em discurso, Obama faz aceno a Irã e Síria

Presidente americano promete aproximação sustentada ?com todos os países do Oriente Médio?

Por AP
Atualização:

O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu uma aproximação "sustentada" com todos os países do Oriente Médio em uma nova estratégia que inclui a cooperação com antigos inimigos, como o Irã e a Síria. "Não podemos enfrentar os desafios regionais de maneira isolada. Precisamos de uma estratégia mais sensata, mais sustentada e exaustiva", afirmou Obama, em discurso na base militar de Fort Lejeune, na Carolina do Norte. "Os EUA vão promover o engajamento de todas as nações da região nesse processo - e isso inclui o Irã e a Síria." Durante o governo do ex-presidente George W. Bush, Washington manteve relações tensas com os dois países e chegou a acusar Teerã e Damasco de interferir nos assuntos internos do Iraque. As duas nações também fazem parte da lista de Estados que patrocinam o terrorismo e, em 2002, o Irã foi incluído por Bush no chamado "eixo do mal" com o Iraque - então governado pelo ditador Saddam Hussein - e a Coreia do Norte. Depois que Obama assumiu, porém, o discurso dos EUA em relação ao governo do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, mudou. Obama já disse estar disposto a conversar com Teerã, e Ahmadinejad também afirmou que seu país está preparado para "conversações com respeito mútuo". Obama defendeu uma estratégia mais racional e inteligente na região, com base em ações coordenadas. "É por isso que estamos renovando nossos esforços diplomáticos e aliviando a presença militar (no Iraque). Por isso estamos concentrando esforços no Afeganistão e Paquistão e contra a Al-Qaeda. Por isso estamos desenvolvendo estratégia para usar todos os elementos do poder americano para evitar que o Irã adquira armas nucleares. E é também por isso que buscamos uma paz efetiva entre árabes e israelenses", disse o presidente americano. O líder dos EUA aproveitou para falar no começo de uma "nova era" nas relações de Washington com a região. "Todo país e organização devem saber: desejando mal ou bem aos EUA, o fim da guerra possibilita uma nova era para a liderança americana no Oriente Médio. E ela acabou de começar." OPOSIÇÃO INTERNA A decisão de manter dezenas de milhares de soldados agradou à base republicana no Congresso, incluindo o senador e candidato derrotado por Obama na corrida presidencial, John McCain. Entre elogios à decisão do ex-rival, McCain advertiu que os militares americanos "ainda estarão em perigo" no Iraque. Segundo o republicano, o presidente teria informado senadores de sua decisão antes do discurso de ontem. Em seu partido, porém, Obama foi alvo de críticas por sua decisão de manter um grande contingente depois de 2009. O líder da bancada democrata no Senado, Henry Reid, no entanto, reclamou do tamanho do "contingente remanescente", como Obama chamou as tropas que permanecerão, dizendo que "o número de soldados é maior do que se esperava". A democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados, entoou o coro: "Não sei se é justificável manter 50 mil homens", afirmou. O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, reforçou seu apoio ao alto número de forças de combate dos EUA no Iraque e disse não descartar a possibilidade de manter militares no país mesmo depois de 2011. "Deveríamos estar preparados para ter uma presença bem modesta, fornecendo treinamento e auxílio com novos equipamentos e talvez informações", disse Gates. MARGEM DE MANOBRA Segundo disseram membros do gabinete de Obama à Associated Press, o número exato de tropas que permanecerá até 2011 não foi previamente definido para dar maior margem de manobra aos comandantes militares. "Eles vão acelerar ou frear a retirada dependendo das condições locais", disse um assessor. Contudo, em 2009, Obama deverá manter o nível de tropas no país com o objetivo de garantir a segurança nas eleições regionais no meio do ano e, sobretudo, na votação geral que decidirá o futuro primeiro-ministro, marcada para dezembro. No discurso de ontem, Obama não chegou a detalhar qual deverá ser o papel dos EUA no Iraque após 2011 - a data limite para a retirada de todas suas forças dos EUA, de acordo com o pacto firmado em novembro entre Washington e Bagdá.

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