BEIRUTE - O presidente da Síria, Bashar Assad, afirmou que renunciaria se isso contribuísse para melhorar a situação do país. "Se abandonar meu cargo contribuísse para melhorar a situação, não teria nenhum escrúpulo. Mas devo seguir em meu posto", disse Assad em entrevista à TV RAI News24, da Itália, transmitida ontem. "No meio de uma tempestade não se abandona o navio. Minha missão é levá-lo ao porto, não abandoná-lo."
Assad afirmou também que seu governo respeitará a resolução da ONU, aprovada na semana passada, que pede que o programa de armas químicas do país seja desmantelado e destruído. "É claro que nós vamos cumprir (a resolução) e a história prova que nós sempre cumprimos todos os tratados que assinamos", disse. "Nós nos juntamos ao tratado internacional contra a aquisição e o uso de armas químicas mesmo antes de essa resolução ser aprovada."
Os comentários de Assad para o canal italiano foram reproduzidos na Síria pela Sana, agência de notícias oficial do país. O presidente sírio afirmou que deseja discutir uma solução política para a crise, mas que não conversará com os rebeldes até que eles entreguem suas armas.
Na sexta-feira, a ONU aprovou uma resolução ordenando a destruição das armas químicas da Síria e condenando um ataque com gás venenoso na periferia de Damasco, no dia 21 de agosto, que matou cerca de 1,4 mil pessoas. A resolução, no entanto, não ameaça o presidente sírio com uma ação militar automática caso seu governo não cumpra a determinação.
Na entrevista de ontem à TV italiana, Assad voltou a negar que tenha sido o Exército o responsável pelo ataque químico contra civis e criticou a luta armada. "Se estão armados, não são oposição, são terroristas", disse. "Não podemos discutir com terroristas, com a Al-Qaeda e seus filiados. Não podemos negociar com gente que pede uma intervenção estrangeira e militar contra a Síria."
Por fim, Assad elogiou a aproximação diplomática entre EUA e Irã, um dos principais aliados de Damasco. "Se os americanos se mantiverem honestos sobre essa reaproximação, os resultados serão muito positivos. E não apenas com relação à crise na Síria", afirmou. / REUTERS