WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou na quinta-feira, 13, uma tese que defende que Kamala Harris - vice de Joe Biden na chapa do Partido Democrata - não é elegível para o cargo. A tese, que Trump disse não saber se está correta, defende que Harris não cumpre as exigências legais em razão de seu nascimento.
A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva na Casa Branca. Trump foi questionado sobre alegações de que a candidata não seria elegível.
"Eu ouvi hoje que ela não cumpre os requisitos. E, por falar nisso, o advogado que escreveu aquele artigo é um advogado altamente qualificado, um advogado muito talentoso. Não tenho ideia se isso está correto", disse Trump. E completou: "Eu presumo que os democratas teriam verificado isso antes de ela ser escolhida como candidata à vice-presidente."
Trump não citou o título do artigo, mas parece ter feito referência ao texto escrito pelo professor de Direito John Eastman, da Universidade Chapman, publicado na revista Newsweek. Eastman afirmou que Harris não seria elegível para o cargo porque não era uma "cidadã natural", já que os pais dela não eram cidadãos americanos naturalizados no momento de seu nascimento.
Harris nasceu em Oakland, Califórnia, em 1964, filha de pai jamaicano e de mãe indiana. De acordo com a Constituição, qualquer cidadão nascido no país e com mais de 35 anos pode disputar a vice-presidência.
O especialista em Direito Constitucional Erwin Chemerinsky, refutou qualquer validade jurídica. "Qualquer pessoa nascida nos Estados Unidos é um cidadão dos Estados Unidos. A Suprema Corte mantém isso desde os anos 1890. Kamala Harris nasceu nos Estados Unidos", afirmou o reitor da Faculdade de Direito da Universidade de Berkeley em um e-mail enviado à rede americana CBS.
Durante a campanha de 2016, Trump também promoveu uma teoria infundada sobre Barack Obama. Na época, o atual presidente afirmava que o Democrata não havia nascido no país. Ele teve que admitir a contragosto, no final da campanha, que Obama nasceu de fato no país./ AFP