DAMASCO - Ataques aéreos mataram mais de 100 pessoas nesta sexta-feira, 16, em cidades do enclave rebelde de Ghouta Oriental, leste da capital, Damasco. Vítimas dos ataques relataram que as forças de Bashar Assad usaram gás napalm e bombas de fragmentação. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), entidade de oposição ao regime de Assad, as vítimas eram mulheres e crianças.
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As forças sírias intensificaram na sexta-feira, 16, sua ofensiva ao enclave rebelde de Ghouta Oriental, apoiadas por ataques aéreos russos, para tentar retomar algumas cidades que ainda estão em poder dos rebeldes.
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Em Kafr Batna, os ataques mataram 64 pessoas. Em Saqba, 22 pessoas. Outras 14 morreram em Jisreen. Segundo a ONG Defesa Civil da Síria, cujos voluntários são conhecidos como capacetes brancos, as vítimas eram mulheres e crianças que estavam em um mercado em uma área residencial e não encontraram abrigo. Segundo a ONG, as forças do regime também usaram gás napalm contra a população.
Em vídeos e fotos postados no Twitter dos capacetes brancos é possível ver os corpos de ao menos dez crianças carbonizados, com sinais de uso do agente químico. A American Medical Society, que atua na região, afirmou que os sobreviventes em Kafr Batna tinham “queimaduras graves”.
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O médico Zouhair Kahaleh, que presta atendimento na cidade vizinha, Arbeen, disse que “a situação é catastrófica”. “As ruas estão fechadas e não podemos tratar alguns dos casos aqui em razão da intensidade dos ataques aéreos”, aifrmou Kahaleh.
Os bombardeios ocorreram nos dois dias em que o maior número de civis tentou deixar a região. Entre quinta-feira, 15, e sexta-feira, 16, mais de 14 mil civis fugiram do enclave rebelde de Ghouta Oriental. Desde fevereiro, o regime de Assad retomou 70% da área e matou pelo menos 1.300 civis.
Ataque turco. Outras 27 pessoas morreram em mais um dia de ofensiva turca na região de Afrin, reduto curdo no norte da Síria. Soldados turcos e forças aliadas do regime de Assad tentam retomar a cidade dos curdos desde o fim de janeiro.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu na sexta-feira, 16, que o Conselho de Segurança “fique unido e tome medidas concretas para acabar urgentemente com a tragédia na Síria”. Ele pediu ações rápidas para proteger civis, evitar novas instabilidade na Síria e forjar “uma solução política duradoura” para o conflito, que completou sete anos na quarta-feira.
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Guterres também lamentou que a resolução do Conselho de Segurança que determinou um cessar-fogo em Ghouta Oriental, em 24 de fevereiro, “não tenha sido implementada”, impedindo “a retirada dos feridos”. / AFP