Dezenas de milhares de pessoas desafiam neste domingo, 20, a proibição de manifestações em Hong Kong. As autoridades proibiram o protesto convocado para Tsim Sha Tsui, bairro conhecido por suas lojas de luxo e hotéis, alegando razões de segurança, após os recentes confrontos entre as forças de segurança e manifestantes mais radicais. Esse é o 20º fim de semana consecutivo de manifestação por mais democracia no território autônomo.
A passeata aconteceu de maneira pacífica até que grupos de manifestantes radicais atacaram estações de metrô e agências de bancos chineses ao longo do trajeto. A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Desde que as autoridades proibiram o uso de máscaras nas manifestações, no início de outubro, o índice de violência aumentou, com vários atos de vandalismo contra empresas acusadas de apoiar o governo. Há duas semanas, o metrô de Hong Kong encerra o serviço às 22h.
As agressões que deixaram dois ativistas pró-democracia gravemente feridos também aumentaram a revolta dos manifestantes. No sábado, 19, um homem de 19 anos que distribuía panfletos a favor das manifestações foi gravemente ferido por criminoso que o esfaqueou no pescoço e abdome.
Na última quarta-feira, 16, Jimmy Sham - um dos líderes do movimento pró-democracia - foi internado depois de ser atacado com martelos por homens não identificados. Sham é o principal porta-voz da Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH), organização que prega a não violência e que convocou algumas das maiores manifestações pacíficas dos últimos meses.
Pequim mantém silêncio sobre as agressões de militantes pró-democracia. Há quatro meses a região semiautônoma enfrenta sua crise política mais grave desde que o Reino Unido devolveu o território à China, em 1997, com manifestações quase diárias para exigir reformas democráticas e denunciar a crescente interferência de Pequim. Para o governo da China, as manifestações são o resultado de uma conspiração ocidental que pretende impor pela força a democracia no território semiautônomo.
A mobilização começou como forma de repúdio a um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China. O texto foi retirado, mas com muito atraso, segundo os manifestantes, que ampliaram suas reivindicações. Sem qualquer tipo de concessão do Executivo de Hong Kong e de Pequim, o movimento se tornou cada vez mais radical.