O presidente da Bolívia, Evo Morales, completa 13 anos no cargo como um dos últimos representantes da "onda rosa" latino-americana, que levou líderes de esquerda ao poder no começo do século 21.
Diante de um cenário ideológico bastante distinto em países vizinhos, com presidentes de direita na Argentina, Chile, Brasil, Colômbia, Paraguai e Peru, o boliviano tem adotado uma postura pragmática, de se aproximar de países estratégicos para a economia da Bolívia, como o Brasil, mas com algumas rusgas com líderes vizinhos principalmente no Chile, com quem a Bolívia tem uma disputa histórica por uma saída para o mar.
No Brasil, chamou a atenção da presença de Evo na posse do presidente Jair Bolsonaro, em janeiro. O líder boliviano na ocasião disse que seu país e o Brasil são sócios estratégicos que miram o mesmo horizonte, principalmente na questão do gás natural.
Antes mesmo da posse de Bolsonaro, Evo já havia visitado o então presidente Michel Temer, apesar das críticas do boliviano ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, eles assinaram acordos bilaterais e discutiram a construção de uma ferrovia que ligue o Brasil ao Pacífico, passando pela Bolívia.
Outro país com quem Evo mantém relações estratégicas é o Peru. Nos governos de Pedro Pablo Kuczynski e Martín Vizcarra, o líder boliviano preocupou-se em manter elos comerciais e diplomáticos, de olho no Porto de Ilo, usado em parceria pelos dois países, uma vez que a Bolívia não tem acesso ao mar.
Já com o Chile, a relação é mais sensível. Por anos, a Bolívia pediu junto à ONU uma saída ao mar e a devolução de terras anexadas pelo Chile no século 19. O pedido foi negado e Evo e o presidente Sebastián Piñera já chegaram a discutir publicamente.
A Argentina, outrora aliada próxima de Evo na gestão Cristina Kirchner, se distanciou do boliviano no governo de Mauricio Macri. O motivo, além das críticas de Evo ao processo contra Cristina, é uma lei que permite a expulsão de imigrantes acusados de crimes, apontada por La Paz como discriminatória.