
19 de março de 2020 | 17h49
JERUSALÉM - Apesar de a pandemia do coronavírus já ter infectado mais de 200 mil pessoas em 150 países e a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter qualificado a situação como uma ameaça sem precedentes, judeus ultraortodoxos israelenses do bairro de Geoulah, no centro de Jerusalém, parecem viver em uma realidade diferente.
O bairro contrasta com outras regiões do próprio país, em que o policiamento tem exigido a população a respeitar as medidas de confinamento impostas desde 17 de março. Por ali, judeus ultraortodoxos de todas as idades lotam as calçadas com seus casacos pretos e chapéus típicos.
As lojas continuam abertas e as crianças, sem aulas, andam com seus pais e mães. No último dia de 17 de março, imagens de uma televisão local mostraram uma reunião com mais de 150 ultraortodoxos, algo que não poderia ocorrer no país após o decreto. Os ultraortodoxos (haredim) respeitam rigorosamente as normas do judaísmo em todos os aspectos da vida diária e espiritual.
O rabino mais influente de Israel, Chaim Kanievsky, de 92 anos, se recusou a ordenar o fechamento de instituições educativas asquenazes, que o seguem.
"O exército israelense depôs suas armas? Os soldados pararam de patrulhar as fronteiras? Nós pensamos que o que salvará o mundo são as crianças que estudam a Bíblia", afirmou Yitzchak Pindrus, conselheiro de Kanievsky, ao jornal francês Le Monde. "Sem elas, o mundo não vai sobreviver e esse perigo é maior que o do coronavírus".
"Alguns rabinos não concordam com o Estado secular e sionista. Isso os faz ignorar as regras dos dirigentes políticos", explica o historiador do judaísmo Kimmy Caplan, da Universidade Bar-Ilan, de Tel Aviv.
Nesta quinta-feira, 19, o governo de Israel endureceu as medidas de confinamento. "Sob essas ordens, vocês, cidadãos de Israel, são obrigados a ficar em casa. Não é mais uma solicitação, não é uma recomendação, é uma diretiva obrigatória que será aplicada por autoridades da lei", disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.
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