
23 de novembro de 2011 | 03h03
Cenário: Lourival Sant'Anna
CAIRO - Os manifestantes veem a nova onda de protestos como a continuação de uma revolução inconclusa, a batalha final contra o verdadeiro inimigo: a cúpula militar. As últimas atitudes do marechal Mohamed Tantawi apenas comprovaram o déjà vu. Primeiro, veio a repressão. Agora, Tantawi faz concessões tardias.
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Durante nove meses, o amplo espectro da sociedade que derrubou Hosni Mubarak esperou a definição de um calendário que conduzisse à transição democrática, entendida como a transferência do poder dos militares para os civis. Nesse período, assistiram à consolidação do poder dos militares, mais ocupados em conformar a nova Constituição aos seus interesses. O auge desse processo foi a divulgação, no início do mês, de um plano que dava aos militares poderes para nomear 80% dos constituintes, esvaziando o novo Parlamento e blindando as Forças Armadas da ingerência dos civis.
Curiosamente, os liberais pensaram que os militares pudessem ser a garantia do Estado secular, como na Turquia. Por isso, os protestos foram lançados pela Irmandade Muçulmana, cujo novo partido, Liberdade e Justiça, é favorito nas eleições. O medo de ganhar e não levar os levou às ruas e, em seguida, os tirou - diante do risco de cancelamento das eleições. Por isso, este é um momento definidor: está em jogo não só o papel dos militares, mas o difícil equilíbrio entre democracia e secularismo.
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