PUBLICIDADE

Em meio a protestos, Bush alerta Brown sobre retirada do Iraque

Em fase final da última visita à Europa como presidente, líder dos EUA tenta manter principal aliado em conflito

Por AFP , The Guardian e Londres
Atualização:

O presidente americano, George W. Bush, chegou ontem à Grã-Bretanha com a missão de dissuadir o premiê Gordon Brown de estabelecer um cronograma de retirada de soldados do Iraque. Em sua última viagem à Europa antes de deixar a Casa Branca, Bush alertou o primeiro-ministro britânico de que seria um erro retirar os soldados antes do tempo. "Não deve haver um cronograma de retirada definitivo", disse Bush em entrevista ao jornal britânico The Observer. "Estou confiante de que ele (Brown), assim como eu, escutará os nossos comandantes para ter certeza de que os sacrifícios que foram feitos até agora não se percam com uma retirada precoce." Os comentários do líder americano foram feitos após a imprensa local ter noticiado na semana passada a possibilidade de um plano para a retirada total de soldados britânicos do Iraque até o fim do ano. A Grã-Bretanha tem 4,2 mil soldados no país árabe. Um porta-voz de Downing Street, sede do governo britânico, negou que Brown e Bush tenham visões diferentes relacionadas ao Iraque. "Não há nenhum desacordo entre o presidente e o primeiro-ministro Gordon Brown sobre esse assunto e ponto final", afirmou o assessor nacional de segurança, Stephen Hadley. A visita de dois dias de Bush à Grã-Bretanha foi marcada por protestos de grupos pacifistas, que organizaram demonstrações em Londres, Windsor e Belfast, na Irlanda do Norte. Uma marcha no centro da capital britânica reuniu mais de 2,5 mil manifestantes que protestaram contra a intervenção militar no Iraque e no Afeganistão. "Estamos aqui para marcar o fim de um período horrível na história", afirmou Mark Gordon, um dos manifestantes. Apesar de pacíficas, mais de mil policiais foram mobilizados para garantir a segurança nas manifestações. A polícia britânica também proibiu que protestos fossem feitos próximos a Downing Street. "Não proibimos a marcha", afirmou o comissário de polícia Chris Allison. "Apenas tentamos trabalhar com os manifestantes para oferecer outras rotas." Bush chegou pela manhã no aeroporto de Heathrow, em Londres, e de lá seguiu para o Castelo de Windsor, no oeste da capital, onde se reuniu com a rainha Elizabeth II. A rainha levou Bush e sua mulher, Laura, para conhecer as dependências do castelo. Segundo um porta-voz da família real, a rainha mostrou para o presidente fotos e objetos relacionados a chefes de Estado americanos. Entre eles, havia um presente que ela ganhou do pai de Bush, o ex-presidente George H. W. Bush, em 1989. O presidente americano também teve de enfrentar manifestantes que pediam o fechamento da prisão na base naval dos EUA em Guantánamo. Hoje, Bush deve tomar café da manhã com o ex-primeiro-ministro Tony Blair antes de encontrar-se com Brown. Os dois líderes participarão de uma reunião onde devem discutir o Iraque, a questão nuclear no Irã e a alta no preço do petróleo. Antes de voltar para Washington, Bush visitará Belfast. VATICANO Durante sua visita a Roma, na sexta-feira, Bush reuniu-se com o papa Bento XVI. O papa recebeu o presidente nos jardins do Vaticano, onde conversaram por 30 minutos. Bush foi o primeiro chefe de Estado a visitar o local acompanhado do pontífice. O presidente e o papa têm a mesma posição referente a várias questões morais, como o aborto e o casamento gay. A recepção calorosa oferecida pelo papa aumentou rumores na imprensa italiana sobre uma possível conversão de Bush, que é protestante, ao catolicismo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.