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Em meio a protestos, parlamentares de Portugal votam a favor da eutanásia

Procedimento é legal em apenas seis países; decisão ainda passa por nova votação e pelas mãos do presidente

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Por Redação
Atualização:

Em votação histórica nesta quinta-feira, 20, o Parlamento de Portugal decidiu a favor da despenalização da eutanásia e do suicídio assistido para pacientes em estado terminal. O presidente do país ainda pode tentar reverter a decisão. 

A Assembleia da República, o Parlamento de Portugal, aprovou cinco projetos de direito à morte, todos com margem confortável. 

Igreja Católica liderou protestos contra a eutanásia e o suicídio assistido Foto: Tiago Petinga/EFE/EPA

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Antes dos legisladores votarem, centenas de pessoas fora do prédio do Parlamento protestaram contra as medidas. Uma faixa dizia: “A eutanásia não acaba com o sofrimento, acaba com a vida.” Alguns manifestantes carregavam crucifixos e efígies religiosas.

O presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa, tem uma posição relutante em relação ao tema e  pode vetar a nova lei. Agora, os cinco projetos seguem para debate e devem ser ajustados para um texto comum. Esse texto final passa por nova votação e segue para o Palácio de Belém, onde o presidente pode vetar, promulgar ou enviar o documento para o Tribunal Constitucional.

Se o presidente português vetar, o texto volta ao Parlamento, que, se novamente aprovar o documento sem alterações obriga a sua promulgação. 

O chefe de Estado também pode pedir ao Tribunal Constitucional que reveja a legislação. Se o Tribunal decidir que a lei é inconstitucional, o Parlamento é obrigado a alterá-la.

A Constituição de Portugal afirma que a vida humana é "inviolável", embora o aborto seja legal no país desde 2007.

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Membros do parlamento português, Jose Manuel Pureza e Pedro Filipe Soares trocam aperto de mãos após votação favorável a eutanásia Foto: Amando Franca/AP

A eutanásia – quando um médico administra diretamente drogas fatais a um paciente – é legal na Bélgica, Canadá, Colômbia, Luxemburgo, Holanda e Suíça. Em alguns estados dos EUA, é permitido o suicídio assistido por medicação – onde os pacientes administram eles mesmos a droga letal, sob supervisão médica.

Ana Figueiredo, professora de matemática, tornou-se defensora da eutanásia depois que seu pai de 70 anos, com câncer terminal, se matou com uma arma há quase seis anos.

Presidente português ainda pode vetar decisão, mas não tem poder executivo Foto: Tiago Petinga/EFE/EPA

"Ele estava consciente, com dores profundas e continuou implorando aos médicos que as aliviassem porque estava em um estado terminal", disse Figueiredo. "Foi muito triste vê-lo implorando por uma morte digna sem dor. ''

A Igreja Católica em Portugal liderou a oposição aos procedimentos, que atualmente são ilegais e têm sentenças de prisão de até três anos. Os líderes da Igreja instaram os legisladores em vão a realizar um referendo sobre o assunto.

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