Em meio a rumores de renúncia, Mubarak prepara pronunciamento

Presidente deve falar ainda nesta quinta-feira; alguns manifestantes já começam a celebrar possível renúncia.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Manifestantes vêm pedindo há 17 dias a renúncia de Mubarak Enquanto autoridades dizem discutir a possível troca de comando no Egito, o presidente do país, Hosni Mubarak, prepara um pronunciamento que deve ir ao ar ainda nesta quinta-feira, segundo a TV estatal do país. Em entrevista exclusiva ao serviço árabe da BBC, o premiê Ahmed Shafiq disse que a decisão quanto a se Mubarak deixará ou não o poder está sendo debatida e será tomada em breve. O secretário-geral do partido do presidente (Partido Nacional Democrático), Hossan Badrawi, também disse à BBC que pediu a Mubarak que transfira o poder a seu vice, Omar Suleiman, para "acomodar as demandas dos manifestantes", e que esperava uma resposta "positiva" ao pedido. "Nos dois últimos dias, pude falar diretamente com o presidente. Acredito que ele responderá aos pedidos dos manifestantes. Ele está mais preocupado com a estabilidade do país. Não liga mais para o seu posto." Protestos O correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne disse que o clima é de expectativa na Praça Tahrir, principal foco de protestos antigoverno. Alguns manifestantes começaram a celebrar diante da possibilidade de que Mubarak renuncie, ainda que analistas apontem que comemorações são precipitadas. Um dos manifestantes na Praça Tahrir, Hussein Omar, disse à BBC que "centenas de pessoas estão vindo à praça, cantando hinos nacionalistas, muitas acham que o presidente já deixou o país. As pessoas estão reunidas ao redor de uma tela gigante erguida na praça, esperando o comunicado do palácio presidencial". A TV estatal mostrou imagens de Mubarak reunido com Suleiman, discutindo a crise política do país, mas não está claro se as imagens são recentes. Em comunicado transmitido pela TV na tarde desta quinta-feira, as Forças Armadas - que até agora têm se mantido neutras em meio aos protestos - comunicaram que estão prontas para "responder às demandas legítimas do povo". O diretor da agência de Inteligência americana (CIA), Leon Panetta, disse em audiência no Congresso em Washington que recebeu informações que indicam que o presidente poderá deixar o poder ainda nesta quinta-feira. "Eu recebi relatos de que, possivelmente, Mubarak poderá fazer isso (renunciar)", disse ele, ressaltando não ter recebido "nenhum relato específico de que, de fato, ele fará isso". Grevistas Vestidos de branco, grupos de médicos se destacaram nesta quinta-feira na Praça Tahrir. Um importante hospital do Cairo teria sido obrigado a fechar nesta quinta-feira após cerca de 3 mil de seus funcionários cruzarem os braços. Motoristas de ônibus, advogados e trabalhadores do setor têxtil também anunciaram paralisações nesta quinta-feira na capital, além de outros setores espalhados por todo o país. Milhares de pessoas vêm participando de protestos diários contra Mubarak desde o dia 25 de janeiro. Muitos manifestantes acampam à noite no local. Num indicativo de que o apoio a Mubarak vem caindo, o jornal pró-governo Al Ahram publicou nesta quinta-feira um suplemento em apoio aos protestos populares. Organizações de defesa dos direitos humanos acusam o governo de intensificar a repressão aos protestos, aumentando número de detenções de ativistas de oposição. Um representante da organização Human Rights Watch disse à BBC que a polícia militar egípcia já prendeu dezenas de jornalistas e manifestantes. O vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, indicado para o cargo por Mubarak após o início da crise, advertiu os manifestantes contra greves e atos de desobediência civil, afirmando que poderia haver "caos" se o Exército e as forças de segurança forem obrigados a agir contra os protestos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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