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Em novo artigo, Fidel diz que medidas dos EUA são 'positivas', mas 'mínimas'

Ex-presidente cubano cobrou desculpas dos EUA pela invasão da Baía dos Porcos.

Por Claudia Jardim
Atualização:

O ex-presidente cubano Fidel Castro afirmou, em um artigo publicado nesta terça-feira, que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de suspender algumas restrições às viagens de cubano-americanos à ilha "é positiva", mas "mínima". Horas antes, em outro artigo, Fidel havia dito que seu país não pede "esmolas" e defendeu o fim do embargo norte-americano a Cuba. "A medida de aliviar as restrições às viagens em si é positiva, embora mínima. Ficam faltando muitas outras, incluindo a eliminação da assassina Lei de Ajuste Cubano, que é aplicada exclusivamente a nosso país no mundo", afirmou o líder cubano em um artigo publicado no site Cuba Debate. Fidel se refere à lei que dá privilégios de imigração a cidadãos cubanos que entrem no território dos Estados Unidos. No novo texto, Fidel ainda questiona se o governo dos Estados Unidos ampliaria aos demais países latino-americanos "os privilégios migratórios utilizados para combater a Revolução Cubana". Este é o segundo artigo que Fidel escreve para comentar o anúncio da Casa Branca, feito na última segunda-feira, de que o governo dos Estados Unidos colocará fim às restrições a viagens e ao envio de remessas a Cuba por parte de cubano-americanos.As novas medidas foram anunciadas pelos EUA às vésperas da Cúpula das Américas, que começa na sexta-feira em Trinidad e Tobago. Obama Fidel ainda afirmou que "não desejamos machucar Obama em nada, mas ele será presidente durante um ou dois mandatos".O ex-presidente cubano disse, no entanto, que Obama "não tem responsabilidade" pelas políticas norte-americanas para a ilha e afirmou ter certeza de que ele "não cometeria as atrocidades de (George W.) Bush"."Depois dele, no entanto, pode vir outro igual ou pior que o seu antecessor", acrescentou o líder cubano.No primeiro artigo, publicado logo após o anúncio da Casa Branca, na segunda-feira, Fidel criticou o fato de que "nenhuma palavra foi dita sobre o embargo, que é a mais cruel de todas as ações". Leia também na BBC Brasil: Fidel defende fim de bloqueio e diz que Cuba não precisa de 'esmolas' "As condições são tais que Obama poderia usar seu talento na direção de uma política construtiva que possa encerrar o que já fracassou por quase meio século", afirmou o ex-presidente cubano, que desde 2006 não faz aparições públicas devido a problemas de saúde. O irmão mais novo de Fidel, Raúl Castro, assumiu formalmente a Presidência do país caribenho em fevereiro do ano passado. Baía dos Porcos O artigo publicado nesta terça-feira lembra os 48 anos da invasão da Baía dos Porcos, quando, em 17 de abril de 1961, um exército de cerca de 1,4 mil exilados cubanos desembarcou na ilha, com apoio de forças aéreas e navais dos EUA, para tentar derrubar o regime de Castro. "Esta data não pode ser esquecida. A grande potência do norte pode aplicar a mesma receita a qualquer país latino-americano", escreveu Fidel. Ele ainda cobrou um pedido de desculpas por parte do governo dos EUA pelo episódio. "O ataque nos custou mais de 150 vidas e centenas de feridos graves. Gostaríamos de escutar alguma autocrítica do poderoso país e a garantia de que isto nunca voltará a acontecer em nosso hemisfério". O líder cubano também recordou o sétimo aniversário da tentativa de golpe de Estado na Venezuela, em abril de 2002, ao afirmar que "pelo bem da democracia e dos direitos humanos, é preciso uma voz que, de Washington, nos diga que a Escola das Américas, especializada em golpes de Estado e torturas, será fechada para sempre". "Por acaso ofendo ao lembrar isto, ou também é proibido, em nome da decência, da ingenuidade e da cumplicidade, mencionar o tema?", questiona Fidel. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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