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Em NY, Correa defende reeleição em nova Carta

Líder diz ao ?Estado? que Constituinte não reforçará seu poder

Por Patrícia Campos Mello e NOVA YORK
Atualização:

Na véspera de seu discurso na Assembléia-Geral da ONU, o presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou ontem que o objetivo da Assembléia Constituinte a ser eleita no domingo não é o de aumentar seu poder ou estender seu mandato, a exemplo do que fez o seu colega venezuelano, Hugo Chávez. Mas defendeu a possibilidade de reeleições presidenciais. "Qual é o problema de reeleger um presidente? Por acaso não há reeleição no Brasil? Por acaso não há reeleição nos EUA?", disse Correa ao Estado. "No Equador, há reeleição para todos - prefeitos, deputados, todos os cargos eletivos -, menos presidente. Não dá para entender. Isso viola o direito dos cidadãos de votarem de novo num bom governo", prosseguiu, após palestra no Conselho das Américas. No domingo, os eleitores equatorianos escolherão os 130 membros da assembléia que se encarregará de reescrever a Constituição para reduzir o poder dos partidos políticos tradicionais. "Queremos que a Constituinte reestruture os partidos, para que se permita mudança de dirigentes e os obrigue a ter um ideal. Senão, teremos apenas máfias organizadas." Correa acusa os partidos de bloquear reformas e atrasar a solução dos problemas do país. Ele defende que a Constituinte tenha o poder de destituir o Congresso. Mas fez questão de ressaltar que "se houver 500 prioridades na Constituinte, a reeleição será a 501ª". O presidente reiterou que, caso o resultado da Constituinte não seja positivo, ele renunciará. "Volto pra casa. Não estou aqui para apegar-me ao cargo." Correa afirmou que planeja reestruturar a dívida do país até o final do ano e pode vender títulos para a Venezuela, como fez a Argentina. Segundo ele, o Equador paga em média 10% de juros, e quer recomprar títulos para reduzir a taxa para 5%. Ele mencionou ainda a proposta de acabar com a dolarização no país e instituir uma moeda regional. "Uma alternativa para o Equador pode ser uma moeda regional para substituir o dólar. Assim teremos uma política monetária regional, em vez de seguir a dos EUA", disse. Correa defendeu a decisão de Chávez de cassar a licença da TV venezuelana RCTV. "Se fosse no Equador, eu faria o mesmo, porque a TV venezuelana apoiou um golpe. A lei equatoriana determina a suspensão da licença de qualquer meio de comunicação que atente contra a ordem democrática."

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