Em Oslo, Malala e Satyarthi pedem educação para todas as crianças

Cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz para paquistanesa e indiano é marcada também pela invasão de um ativista mexicano

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Por Redação
Atualização:

OSLO - A paquistanesa Malala Yousafzai e o presidente da Marcha Global Contra o Trabalho Infantil, o indiano Kailash Satyarthi, defenderam ontem o acesso à educação para as crianças durante entrega do Prêmio Nobel da Paz, na Prefeitura de Oslo, na Noruega. A cerimônia foi marcada pela invasão de um jovem mexicano, envolto na bandeira de seu país, que se aproximou da ativista e pediu-lhe para não esquecer do México.

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Em seu discurso, Malala criticou as grandes potências por investirem mais na indústria da guerra do que na educação. “Por que os países que chamamos fortes são tão poderosos criando guerras, mas tão frágeis para trazer a paz? Por que dar armas é tão simples, mas dar livros, tão difícil? Por que construir tanques é tão fácil, mas construir edifícios, tão difícil?”

Satyarthi defendeu a globalização da “compaixão transformadora” para a criar um movimento mundial contra a exploração, a pobreza e a escravidão infantil. “Rejeito aceitar que o mundo seja tão pobre quando só uma semana dos gastos globais em armas é suficiente para levar todas as crianças para as salas de aula”, afirmou. 

Malala Yousafzai e e o ativista indiano Kailash Satyarthi; a adolescente paquistanesa se tornou a ganhadora mais jovem do prêmio Foto: Cornelius Poppe/AFP

O indiano elogiou o progresso realizado nas últimas décadas com a redução em um terço da mão de obra infantil e o corte pela metade do número de crianças não escolarizadas no mundo. Ele defendeu ações coletivas urgentes e pediu mais investimento em educação aos governos e mais responsabilidade às empresas.

“De quem são as crianças que costuram bolas sem terem jogado com nenhuma? São nossas crianças. De quem são as crianças que colhem cacau sem terem provado o sabor do chocolate? Todas são nossas crianças”, disse.

Mais jovem ganhadora do prêmio, Malala, de 17 anos, lembrou do ataque que sofreu do Taleban há dois anos no Paquistão por defender a educação das mulheres. “Tinha duas opções: ficar em silêncio e esperar que me matassem ou falar e esperar que me matassem. Escolhi a segunda”, disse.

Malala destinará parte de seu prêmio, de US$ 1,1 milhão, para ajudar na construção de escolas por meio de sua fundação, sobretudo em sua região natal, no Vale do Swat.

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Em seu discurso, o líder do Comitê Nobel norueguês, Thorbjorn Jagland, disse que Satyarthi libertou da exploração a mais de 80 mil crianças, enquanto a coragem de Malala “é quase indescritível”.

“Uma jovem e um homem mais velho, uma do Paquistão e o outro da Índia, uma muçulmana e outro hindu; símbolos do que necessita o mundo: mais unidade. Fraternidade entre as nações”, disse Jagland na cerimônia presidida pela família real norueguesa.

Invasão. A polícia da Noruega informou ontem que mantém sob custódia o jovem que invadiu a cerimônia de entrega do Nobel da Paz. O incidente ocorreu enquanto Malala e Satyarthi recebiam a premiação.

Nas imagens divulgadas por vários veículos de comunicação noruegueses, é possível ver que o jovem se aproximou de Malala para dizer-lhe algo. O líder do Comitê Nobel o afastou até a chegada de policiais, que o tiraram do local.

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Segundo a emissora norueguesa TV2, o jovem disse a Malala para não “esquecer do México”. A imprensa local especula que ele estava credenciado como jornalista por carregar uma câmera profissional no pescoço.

A mensagem e o fato de a bandeira do México estar manchada de vermelho, como se imitasse sangue, indicam que a manifestação tem conexão com o caso dos 43 estudantes desaparecidos na cidade mexicana de Iguala. Mensagens semelhantes divulgadas no Twitter também foram encontradas pela TV2.

“Tivemos um incidente não desejado durante a entrega do prêmio, protagonizado por uma pessoa que está sob nossa custódia. A situação está controlada e a polícia está comprovando agora as circunstâncias relativas ao caso”, afirmaram em breve comunicado as autoridades norueguesas. / EFE

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