PUBLICIDADE

Em primeiro debate, Romney vai ao ataque e Obama administra vantagem

Em conflito de ideias, candidatos tentaram passar imagem de líder capaz de salvar a classe média americana

Por Denise Chrispim Marin e EUA
Atualização:

DENVER, EUA - Pressionado a vencer o primeiro debate presidencial, Mitt Romney, candidato republicano à Casa Branca, não decepcionou a base do partido em Denver, no Estado do Colorado. Em uma hora e meia de encontro, ele parecia mais confortável do que o presidente Barack Obama, partiu para o ataque e, de acordo com analistas, venceu o debate.

PUBLICIDADE

Em claro conflito de ideias, Obama e Romney tentaram passar uma imagem de líder capaz de salvar a classe média americana. Ambos acusaram-se mutuamente de não ter planos consistentes para expandir a economia, ajustar as contas públicas, regular setores econômicos e reformar o sistema de saúde.

A primeira metade do debate na Universidade de Denver, de 90 minutos, foi concentrada em questões econômicas. A criação de empregos abriu o debate. As propostas de ambos divergiram na questão fiscal. Obama defende um aumento de impostos para os mais ricos. Romney é contra.

Outro desacordo foi com relação à reforma do sistema de saúde. Romney prometeu acabar com o projeto aprovado durante o governo atual. O presidente tentou defender a legislação, uma de suas principais promessas de campanha, em 2008.

Irritação

Um dos momentos mais tensos foi quando Obama reagiu após ser criticado pelo crescimento da dívida e do déficit público americano. O presidente colocou a culpa em seu predecessor, George W. Bush.

"Recebi um déficit de US$ 1 trilhão quando assumi e todos sabemos de onde ele surgiu: de duas guerras pagas com cartão de crédito, da redução de impostos, de programas equivocados e da crise financeira", disse Obama, referindo-se às guerras do Iraque e do Afeganistão, que custaram trilhões de dólares ao país.

Publicidade

"Nós vamos cortar programas que não funcionam. Fizemos isso. Economizamos bilhões de dólares ao desmantelarmos fraudes nos programas Medicare e Medicaid", disse Obama, ao citar os dois programas de assistência de saúde pública financiados pelo governo dos EUA.

O candidato republicano contra-atacou, prometendo criar 4 milhões de empregos com investimento em energia. "Eu quero tornar a América independente em energia", afirmou, ao citar cinco pontos para fortalecer a classe média.

Dívida

Os dois rivais também discutiram formas de diminuir o déficit orçamentário dos EUA. "Aumentar o déficit em US$ 3 trilhões não é moral", afirmou Romney, acusando Obama de não ter cumprido sua promessa, de 2008, de cortar a dívida pública pela metade em seu governo e de tê-la, ao contrário, aumentado.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

"A matemática, o bom senso e a nossa história mostram que essa proposta (de Romney) não dará certo", disse Obama, que recebeu o troco. "O presidente tem uma visão muito similar àquela que teve quando concorreu há quatro anos: a de que gastando mais, regulando mais e uma falsa correlação de valores (sobre os impostos), as coisas vão funcionar. Esta não é a resposta certa para a América", rebateu Romney.

Desde o início, Romney comportou-se de forma mais agressiva e tomou a iniciativa. Segundo analistas, a temporada de primárias do Partido Republicano, que teve 27 debates, desde maio do ano passado, ajudou Romney. Obama, ao contrário, não participava de um debate desde 2008, quando enfrentou o também republicano John McCain.

"Romney parecia feliz de estar ali. Obama passou a impressão de que o debate era uma obrigação", afirmou James Carville, estrategista democrata, na rede CNN. "Obama não encarou Romney em momento nenhum", disse Gloria Borger, também da CNN.

Publicidade

Condescendência

Foi consenso entre os especialistas que Obama foi condescendente com Romney, ignorando temas constrangedores para o rival republicano, como o passado de Romney como dirigente da Bain Capital, empresa do setor financeiro, e os recentes comentários desconsiderando 47% dos eleitores americanos.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.