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Em primeiro dia de ataque da Rússia, PT no Senado condena ação dos EUA e depois apaga

Nota da bancada do partido citava 'política imperialista' americana; liderança da sigla na Casa informou que manifestação está passando por "alguns ajustes"

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Por Julia Affonso
Atualização:

BRASÍLIA - A bancada do PT no Senado culpou os Estados Unidos pelo ataque da Rússia à Ucrânia em nota publicada nesta quinta-feira, 24. O registro que citava uma "política imperialista" americana chegou a ser publicado no Twitter da bancada do partido, mas foi apagado pouco depois. Segundo a liderança da sigla, a nota está passando por "alguns ajustes".

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"O PT no Senado condena a política de longo prazo dos EUA de agressão à Rússia e de contínua expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção às fronteiras russas. Trata-se de política belicosa, que nunca se justificou, dentro dos princípios que regem o Direito Internacional Público", afirmou a bancada na primeira manifestação.

"Essa política imperialista produziu o quadro geopolítico que explica o atual conflito na Ucrânia. Tal conflito, frise-se, é basicamente um conflito entre os EUA e a Rússia. Os EUA não aceitam uma Rússia forte e uma China que tende a superá-los economicamente."

Tanques russos se movimentam na região de Rostov, na fronteira com a Ucrânia Foto: YURI KOCHETKOV/EFE

Semanas após os avisos dos Estados Unidos e da Otan de que um ataque da Rússia à Ucrânia era iminente, as tropas russas entraram em território ucraniano por vários flancos. Assim que o presidente russo Vladimir Putin anunciou na televisão nesta quinta, que havia decidido “realizar uma operação militar especial” na Ucrânia, explosões foram relatadas em todo o país. A invasão, ocorrida por mar, ar e terra já é a maior de um Estado contra outro na Europa desde a 2ª Guerra.

Na nota, além de culpar os EUA, a bancada condenou a postura russa. Segundo a publicação, "a aposta recente da Rússia na guerra, ainda que parcial e com objetivos meramente militares, também agride o Direito Internacional Público e o sistema de segurança coletiva cristalizado na ONU".

"O PT no Senado lamenta e condena essa aposta temerária na guerra. Considere-se que a definitiva militarização desse conflito é uma ameaçanão apenas às partes envolvidas, mas também a todo o mundo, inclusive o Brasil, pois ela envolve potências nucleares. Nesta guerra, todos serão perdedores", registrou a bancada na manifestação apagada.

"O PT no Senado defende o imediato cessar das hostilidades e conclama a todas as partes envolvidas a que voltem à mesa de negociação, com base nos acordos de Minsk. A paz sempre merece uma chance."

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Após apagar a postagem do Twitter, a bancada do PT no Senado manteve os registros dos parlamentares do partido. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que "conflitos políticos não podem ser resolvidos com guerras, mortes e destruição" e também que "o diálogo democrático precisa prevalecer entre países".

"Os danos de uma guerra são irreversíveis e o sofrimento perdurará enquanto disputas forem travadas na base de bombardeios", escreveu.

Senador Jaques Wagner (PT-BA) declarou que 'a ninguém interessam as guerras, que só resultam em destruição, fome e mortes'; através do Twitter, PT no Senado culpou EUA pelo ataque da Rússia à Ucrânia, citando uma 'política imperialista' americana, mas apagou publicação pouco depois. Foto: André Dusek/Estadão

O senador Jaques Wagner (PT-BA) declarou que "é deplorável que a diplomacia perca para a beligerância". Na avaliação do parlamentar, "a ninguém interessam as guerras, que só resultam em destruição, fome e mortes". 

"O diálogo é sempre o melhor caminho pra solução de conflitos. Nunca é demais lembrar: toda guerra se sabe como começa e não se sabe como termina", observou.

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