WASHINGTON- O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira, 26, pela primeira vez desde que assumiu o cargo e levantou preocupações sobre as atividades russas, incluindo o tratamento ao opositor Alexei Navalni, crítico do Kremlin preso, informou a Casa Branca.
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, anunciou o telefonema entre os dois líderes em sua entrevista coletiva diária. Ela disse que os tópicos da conversa incluíram a proposta de Biden de estender o tratado de armas nucleares do Novo Start com a Rússia por cinco anos e o "forte apoio dos EUA à soberania da Ucrânia" em face da "contínua agressão russa".
O Kremlin, por sua vez, informou, em um comunicado, que Putin disse ao americano apoiar a "normalização" das relações entre a Rússia e os EUA, o que responderia aos interesses de ambos os países e também de toda a comunidade internacional, "dada a responsabilidade particular (de ambos os Estados) em manter a segurança e estabilidade mundiais", afirmou a presidência russa.
A Rússia e os Estados Unidos trocaram nesta terça-feira documentos para prorrogar o último tratado de controle de armas nucleares entre eles dias antes de seu vencimento, em 5 de feveiro, segundo o Kremlin. Imediatamente após a ligação, Putin apresentou um projeto de lei sobre a extensão do tratado ao Parlamento russo.
“Nos próximos dias, as partes concluirão os procedimentos necessários para garantir o funcionamento adicional dessa importante ferramenta legal internacional de controle de armas nucleares”, afirmou o Kremlin.
A extensão do pacto não requer aprovação do Congresso nos EUA, mas os legisladores russos devem ratificar a medida. Membros Parlamento controlado pelo Kremlin disseram que acelerariam a questão e aprovariam a extensão já na quarta-feira.
Limite de ogivas
Assinado em 2010, limita a 1.550 o número de ogivas nucleares que podem ser mobilizadas por Rússia e EUA, que têm os maiores arsenais nucleares do mundo, e também a 700 sistemas balísticos para cada uma das duas potências, em terra, no mar ou no ar.
"O acordo prevê a possibilidade de estendê-lo por um período de até cinco anos, se Rússia e EUA tomarem a decisão (...) Em janeiro de 2021, um acordo de princípio entre as partes foi alcançado para uma extensão por cinco anos", informou a Duma (Parlamento russo) em seu site oficial.
'Preocupações com Navalni'
Durante o telefonema, segundo a porta-voz da Casa Branca, Biden relatou a Putin algumas de suas preocupações, incluindo "relatórios sobre a invasão à SolarWinds, recompensas russas (aos taleban) por (matarem) soldados americanos no Afeganistão, interferência nas eleições de 2020, o envenenamento de Alexei Navalni, e o tratamento dado pelas forças de segurança russas aos manifestantes pacíficos", citou Psaki.
O presidente dos EUA pediu às agências de informação uma avaliação exaustiva da suposta interferência de Moscou nas eleições americanas de novembro, segundo ela, e também solicitou investigações sobre o ciberataque contra várias agências federais por meio de atualizações de um programa popular da empresa tecnológica americana SolarWinds, chamado Orion, que é utilizado para monitorizar redes de computadores.
Na conversa com Putin, segundo Psaki, expressou preocupação com o "envenenamento de Navalni". O opositor foi preso em 17 de janeiro ao retornar a Moscou, depois de passar mais de cinco meses na Alemanha se recuperando de um quadro que, segundo ele, foi resultado de um envenenamento realizado por serviços russos por ordem do presidente, o que o Kremlin nega.
Nesta terça-feira, os países do G-7 condenaram sua detenção "por motivos políticos" e pediram sua "libertação imediata e incondicional", assim como a de seus apoiadores detidos no sábado durante manifestações em toda a Rússia.
Sobre a Rússia, Biden também conversou por telefone com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg. De acordo com um comunicado da Casa Branca, Biden transmitiu ao diplomata norueguês a intenção de "consultar e trabalhar com os aliados em uma série de preocupações de segurança comuns, incluindo o Afeganistão, o Iraque e a Rússia"./AFP, EFE e REUTERS