Em pronunciamento, Assad promete reformas em meio ao 'caos' na Síria

Para presidente sírio não há solução política possível para crise com pessoas armadas

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Atualização:

Corrigido às 14h10

 

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Assad disse que "sabotadores" estão por trás dos distúrbios contra seu regime

 

DAMASCO - O presidente da Síria, Bashar al-Assad, prometeu nesta segunda-feira, 20, a realização de reformas em meio ao "caos" do país. Segundo ele, a Síria está em um "ponto de inflexão", após "dias difíceis". Ele fez as declarações em um discurso na Universidade de Damasco, que foi televisionado. Ele prometeu que o país ressurgirá mais forte, apesar da "conspiração" contra ele.

 

Veja também:som Estadão ESPN:  Lourival Sant"Anna, comenta as declarações de Assadespecial A revolução que abalou o mundo árabe

 

Segundo Assad, está em andamento na Síria um "diálogo nacional" que poderia levar a uma nova Constituição. Ele levantou a possibilidade de haver eleições e do fim do predomínio do governista Partido Baath, porém advertiu que a economia está à beira do colapso.

 

Assad enviou suas condolências às famílias dos "mártires" mortos nos protestos que ocorrem no país desde meados de março.

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Um comitê de diálogo nacional se reunirá nos próximos dias, com mais de 100 personalidades convidadas, para discutir critérios e mecanismos para uma reforma constitucional, declarou o presidente. Assad definiu o prazo de um mês para a apresentação de recomendações.

 

 

'Sabotadores'

 

Assad disse que "sabotadores" estão por trás dos distúrbios contra seu regime e que uma acomodação política não poderia ser alcançada com homens armados.

 

"Nós temos de fazer distinções (entre manifestantes e outros com demandas legítimas e os sabotadores). Os sabotadores são um pequeno grupo que tentou explorar a respeitosa maioria do povo sírio para pôr em prática seus esquemas", afirmou. Segundo ele, nenhuma solução política é possível com pessoas portando armas.

 

Enquanto as forças sírias estavam vasculhando a fronteira noroeste do país com a Turquia, bloqueando milhares de pessoas que fugiam da repressão militar, Assad pedia que os cerca de 10 mil sírios que já cruzaram a fronteira voltassem para casa.

"Há quem lhes dê a impressão de que o Estado vai se vingar deles. Afirmo que isso não é verdade. O Exército está lá para manter a segurança", disse ele em um discurso na Universidade de Damasco.

 

Pressão

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Este foi o terceiro discurso do líder sírio desde o início dos protestos. Líderes ocidentais pressionam por reformas concretas na Síria. Os ministros das Relações Exteriores europeus, frustrados com a ameaça da Rússia de usar seu poder de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), reuniram-se em Luxemburgo para discutir sanções mais duras contra Damasco, por causa da repressão aos protestos. O chanceler britânico, William Hague, disse que "Assad deve fazer reformas e renunciar".Ontem, ativistas da oposição síria anunciaram a criação de um "Conselho Nacional" para combater o regime. Também pediram uma ação mais vigorosa das outras nações. "Na Líbia, após a morte de 200 pessoas, (o líder líbio Muamar) Kadafi não tinha mais legitimidade", comparou o porta-voz do conselho, Jamil Saib. "Aqui na Síria, enquanto grupos pelos direitos humanos dizem que há 1.500 mortos e milhares de feridos e presos, a comunidade internacional e o mundo árabe ficam em silêncio."Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres, a violência na Síria já matou 1.310 civis e 341 membros das forças de segurança.

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