Em reduto antichavista, comércio ignora chamado de Guaidó à greve

Apesar da expectativa após dois dias de manifestações e confrontos com as forças de Nicolás Maduro, comércio funcionou normalmente em Caracas

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Por Pablo Pereira
Atualização:

A capital da Venezuela vive a expectativa de uma greve geral no país, programada para ocorrer em paradas intermitentes nesta quinta-feira, 2. Fontes da oposição afirmam que o movimento deve atingir principalmente funcionários públicos e deve ser feito em dias programados pelo comando da ação. Apesar da expectativa após dois dias de manifestações e confrontos com as forças chavistas, lojas na área da Praça da França, conhecida na cidade como praça de Altamira, no cruzamento da Avenida San Juan Bosco, as atividades eram normais.

Os vendedores Angel Ruiz e Alejandro Aristimuno, em uma loja no bairro de Las Mercedes, em Caracas. “Movimento normal porque as pessoas têm de seguir a vida trabalhando”, disse Alejandro, que trabalha na loja há seis meses Foto: Pablo Pereira/Estadão

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Os vendedores Angel Ruiz e Alejandro Aristimuno, de loja aberta em Las Mercedes. “Movimento normal porque as pessoas têm de seguir a vida trabalhando”, disse Alejandro, que trabalha na loja há 6 meses.

O local marcou a repressão da polícia local a uma manifestação da oposição durante toda a tarde de quarta-feira, 1º. Segundo fontes do governo, há cerca de 200 pessoas presas. A política política, Sebin, patrulha a região das embaixadas, também na área de Altamira, onde fica a Embaixada do Brasil, entre outras representações diplomáticas estrangeiras.

Fontes da diplomacia externa não confirmam informações sobre a presença de exilados venezuelanos em prédios do Brasil, mas os edifícios estão sendo vigiados da rua por equipes da política venezuelada. Logo cedo, o presidente Nicolás Maduro foi recebido, às 5h30, por chefes militares como o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e o comandante Remígio Ceballos, na Academia Militar de Caracas, que reuniu cerca de 4.500 militares em formação para demonstrar força e lealdade ao governo Maduro.

O líder opositor Juan Guaidó lidera manifestação em Caracas Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

De acordo com autoridades da capital, o confronto de ontem deixou dezenas de feridos. Segundo o comando do país, há pelo menos 8 militares, dois oficiais superiores, e seis outros integrantes das forças de segurança, baleados. Padrino divulgou vídeo com a visita que fez a um coronel internado na UTI do hospital militar. Ele criticou Juan Guaidó, que acusa de tentar provocar uma “guerra civil” no país. Em discurso aos militares, Maduro acusou o secretário Bolton, dos EUA, de ter articulado e comandando a tentativa de golpe na Venezuela.

O movimento nas presentações diplomáticas do Brasil em Caracas é baixo. Na manhã desta quinta-feira, dois jovens estudantes tentavam obter autorização para retornar ao Espírito Santo, onde moram. “A vida aqui ficou muito difícil”, disse uma estudante universitária de enfermagem, que está há um ano em Caracas. Acompanhadas pelo amigo, que vivem em Caracas desde o início do ano, ambos foram informados que as fronteiras terrestres brasileiras estão fechadas. A saída mais provável tem sido pelo Aeroporto de Maiquetía. Porém, há voos sendo cancelados, principalmente por companhias que fazem linhas para os EUA.

Nesta quinta-feira, 2, o número de mortos chegou a 4, com 300 feridos e 240 prisões segundo a ONG Foro Penal Venezolano. Uma mulher de 27 anos, identificada como Jurubith Rausseo, morreu no hospital nesta quarta-feira após ser atingida por um tiro na cabeça durante os protestos em Caracas. Na terça-feira, Samuel Méndez, de 24 anos, morreu no Estado de Aragua com um tiro na coluna e outro no abdomen. 

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