Em Seul, delatores se profissionalizam

Cidadãos convertidos em ?Paparazzi? registram provas de delitos por dinheiro

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Por Redação
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Surge um novo gênero de câmera escondida na Coreia do Sul. São os chamados "paparazzi", só que os visados não são os ricos e famosos, mas os transgressores da lei de padrão mais baixo, cujos atos são filmados e as imagens são vendidas como prova para as autoridades. Nos últimos anos, as autoridades utilizaram mais de 60 "reportagens" - premiadas com valores de US$ 36, para as infrações menores, até US$ 1,4 milhão, em casos de corrupção em grande escala envolvendo políticos. A nova moda inspirou até o mudanças do termo "paparazzi". Existem agora os "seon-parazzi", especializados em perseguir infratores da lei eleitoral; os "ssu-parazzi", que se concentram em atos ilegais envolvendo depósitos de lixo, e os "seong-parazzi", com foco na prostituição, atividade ilegal na Coreia do Sul. Em meio a uma crise econômica grave, as autoridades dizem que hoje há menos investigadores oficiais para manter a ordem pública. Assim, dependem cada vez mais desse tipo de trabalho feito em troca de uma recompensa. Muitos "paparazzi" são desempregados, estudantes ou donas de casa entediadas que se consideram agentes do governo sul-coreano. Para atender à demanda crescente, foram criadas muitas escolas de formação de "paparazzi", com cursos de três dias por US$ 250, sobre como editar um filme, seguir os supostos infratores e operar as câmeras. São poucas as autoridades que questionam a ética de armar o cidadão contra si mesmo com uma câmera de vídeo e lentes de longo alcance. As escolas estimam que 500 "paparazzi" profissionais trabalham hoje na Coreia do Sul, onde muitas celebridades ainda andam pelas ruas livremente. Mas isso não por muito tempo - pelo menos uma escola oferece um curso sobre como seguir pessoas famosas. Alguns estudantes dessa nova profissão dizem que odeiam ter de denunciar seus vizinhos, mas a remuneração é muito boa para resistir. "É um trabalho vergonhoso - realmente, não me orgulho dele", disse um estudante, sem se identificar.

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