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Em termos de liderança europeia, poucas mudanças

Por ANÁLISE: Juan Palop
Atualização:

Os resultados das eleições não permitem pressagiar mudanças na política europeia de Berlim nos próximos quatro anos e, particularmente, em suas receitas de consolidação fiscal e reformas para sair da crise. Em seu último grande comício, no sábado, em Berlim, Merkel ressaltou os êxitos de sua gestão da crise e garantiu a manutenção da política atual: "Solidariedade, sim, mas com condições". A crise ainda não foi superada, advertiu a chanceler, e é necessário que os países da zona do euro empreendam as reformas estruturais que a Alemanha já realizou durante a primeira década deste século, principalmente incluídas na "Agenda 2010" do ex-chanceler Gerhard Schroeder. Assim, os cidadãos e governos de países como Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha ou Itália não devem esperar grandes mudanças na posição alemã, embora possa haver uma matização de algumas políticas concretas a depender de quem se tornar parceiro na coalizão da chanceler. Os especialistas descartam, por exemplo, a hipótese de Berlim aprovar uma nova flexibilização dos critérios europeu para reduzir o déficit público. Da mesma maneira, os cientistas políticos descartam que o novo governo da primeira economia europeia transija com algum dos modelos de mutualização da dívida pública que foram implementados nos últimos anos para atacar a elevação dos juros que os países em crises pagam para se financiar. "Nem eurobônus nem emissões conjuntas de dívida", reforçou Merkel em sua intervenção final. Por isso, considera-se improvável que Merkel mude nos próximos quatro anos e abra mão para permitir, de alguma forma, a recapitalização direta dos bancos, um assunto de especial importância para a Espanha, pois o resgate do setor financeiro foi computado como dívida e déficit do Estado. As novidades, se finalmente se articular um governo de coalizão, poderiam vir por duas vias: as medidas europeias sobre crescimento e o emprego, e a política financeira comum.

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