Em todo o mundo, multidões nas ruas contra a guerra de Bush

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Por Agencia Estado
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Londres, 15 (AE-AP) - Milhões de pessoas em centenas de cidades de todos os continentes participaram neste sábado de manifestações de rua contra uma guerra no Iraque, nas quais predominaram críticas aos Estados Unidos e à Grã-Bretanha - defensores da ação militar. As marchas foram as maiores do mundo desde a época da Guerra do Vietnã, nos anos 70. As maiores mobilizações, considerando cálculos da polícia e dos organizadores, ocorreram em Roma - com cerca de 1 milhão de pessoas -, Londres - com aproximadamente 750.000 - e Berlim (500.000). Pelo menos 100.000 pessoas são esperadas em Nova York hoje à noite para protestar perto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, pela manhã os maiores protestos ocorreram em Brasília, Recife e Fortaleza. No fim da tarde, uma passeata saiu do Museu de Arte de São Paulo (Masp) em direção ao Parque do Ibirapuera, no sul da cidade. Ao todo, houve manifestações em mais de 20 cidades brasileiras. À frente no fuso horário, Nova Zelândia, Austrália e Japão deram início ao dia de protestos, com dezenas de milhares de pessoas nas ruas das principais cidades. "O que os Estados Unidos estão fazendo agora está errado. Estamos à beira da Terceira Guerra Mundial", disse a dona de casa japonesa Mariko Ayama, na marcha em Tóquio, que reuniu aproximadamente 6.000 pessoas. "O mundo todo é contra essa guerra. Só uma pessoa a quer", disse o jovem muçulmano Bilqes Gamieldien durante passeata na Cidade do Cabo. Ao cair da noite, mais de 2.000 israelenses e árabes reuniram-se nas ruas de Tel-Aviv para protestar pacificamente contra a guerra que os Estados Unidos pretendem iniciar contra o Iraque. Cartazes diziam "Israelenses contra a guerra de Bush ao Iraque" e "A guerra não é a resposta". Um grupo de cerca de 20 simpatizantes do Likud, partido do primeiro-ministro Ariel Sharon, xingavam os pacifistas de "traidores", mas não houve confrontos. No centro de Londres, uniram-se aposentados e crianças, veteranos e principiantes em manifestações pacifistas, moradores de outras cidades do país e imigrantes. "Não à guerra", "Não ataquem" e "Não em meu nome" eram os slogans mais comuns, mas também não faltaram cartazes satirizando o primeiro-ministro Tony Blair, principal aliado do presidente norte-americano, George W. Bush. Por causa de sua defesa de uma intervenção militar, Blair tem sido chamado de "poodle" de Bush e sua popularidade vem caindo nas pesquisas de opinião. "Espero que esta manifestação mostre aos muçulmanos que é o nosso governo que quer a guerra, não o povo britânico", disse Richard Shirres, que foi de Linconlshire, no leste da Inglaterra a Londres para o protesto. Em Roma, o clima era de festa e os cartazes criticavam principalmente Bush, Blair e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que apóia a posição dos dois em relação ao Iraque. "Não somos antiamericanos, somos amigos dos EUA, mas também somos amigos da paz", disse Luigi Bobba, um dos organizadores. Na capital alemã, duas marchas, partindo de pontos diferentes, convergiram para a Coluna da Vitória, monumento no centro da cidade. Três ministros participaram, contrariando recomendação do chanceler Gerhard Schroeder para não irem ao protesto. A polícia alemã calcula que entre 300.000 e 500.000 pessoas saíram às ruas de Berlim. Em Atenas, a manifestação de centenas de pessoas degenerou em conflito com as forças de segurança quando um pequeno grupo começou a danificar carros e lojas, enfrentando os policiais com bombas incendiárias. Os agentes responderam com gás lacrimogêneo. De acordo com estimativas policiais, 80.000 pessoas saíram às ruas de Dublin. A polícia estimou em 60.000 os manifestantes em Oslo, Noruega, e Sevilha, Espanha. Pelo menos mais 50.000 saíram às ruas de Bruxelas. Na gélida Estocolmo, 35.000 pessoas protestaram para dizer não à guerra. Houve no Iraque duas manifestações simultâneas em distintos pontos de Bagdá: uma era marcada por slogans pacifistas; a outra além das palavras de ordem contra um ataque, tinha como objetivo expressar apoio ao presidente Saddam Hussein. Dezenas de pacifistas estrangeiros realizaram uma vigília pela paz numa ponte de Bagdá sobre o Rio Tigre. Vários deles foram ao país com o intuito de servir de escudos humanos. Cerca de 5.000 pessoas saíram às ruas de Fortaleza na manhã de hoje, numa caminhada pelo centro. No Recife, cerca de mil pessoas participaram do protesto, que teve como mote "Não trocamos sangue por petróleo" e "Contra a guerra imperialista". Pedalando uma bicicleta, o ministro das Cidades, Olívio Dutra, foi a grande sensação da passeata no Parque da Cidade, em Brasília, contra a guerra. Dutra disse que a participação de autoridades em movimentos pela paz foi uma orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Houve ainda manifestações em Berna (40.000 pessoas, segundo cálculos da polícia), Glasgow (30.000) Copenhague (25.000), Amsterdã (10.000), Viena (10.000) Cidade do Cabo (5.000), Johannesburgo (4.000), Viena (3.000), Kiev (2.000), Sofia (2.000) e Daca (2.000). Em Praga, os organizadores conseguiram reunir cerca de 500 pessoas. No dividido Chipre, um número semelhante de cidadãos de origem grega e turca enfrentou a chuva para fechar o acesso a uma base militar britânica. Em Moscou, os protestos reuniram cerca de 300 pessoas. Em Hong Kong, houve cerca de 600 manifestantes, enquanto apenas 50 saíram às ruas de Almaty, no Casaquistão.

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