Em visita a Israel, secretário de Estado americano diz que Irã está 'cada vez mais isolado'

Mike Pompeo se encontrou com o primeiro ministro Binyamin Netanyahu e com o ministro do Bahrein, Adellatif al-Zayani; situação das colônias judaicas na Cisjordânia também está em discussão

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Por Redação
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O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, iniciou nesta quarta-feira, 18, uma visita de dois dias a Israel. Falando ao lado do premiê, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém, Pompeo disse que o Irã está "cada vez mais isolado" após os acordos de normalização de relacionamento diplomático de Israel com países vizinhos como Bahrein e Emirados Árabes Unidos

“A influência do Irã na região está diminuindo, e o regime ficará cada vez mais isolado, até que mude de atitude”, falou Pompeo, citando a normalização de relações entre Israel e Bahrein, ao lado de um pacto semelhante em parceria com os Emirados Árabes Unidos e declaração conjunta com o Sudão.

O secretário do Estado americano, Mike Pompeo, em conferência de imprensa na cidade de Jerusalém, Israel. Foto: Menahem Kahana/EPA/AFP/EFE

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Após passagem por França, Turquia e Geórgia, o chefe da diplomacia americana chegou a Israel, em um contexto de transição em Washington depois da derrota eleitoral de Donald Trump para o democrata Joe Biden.

A sucessão na Casa Branca levanta várias dúvidas sobre o futuro das sanções americanas ao Irã, o plano de Washington para resolver o conflito entre Israel e Palestina e a normalização das relações do Estado hebreu com os países árabes.

O ministro das Relações Exteriores do Bahrein, Abdellatif al-Zayani, está em Tel-Aviv representando a primeira visita oficial de um ministro desta monarquia do Golfo a Israel.

Al-Zayani se reuniu nesta quarta-feira com Netanyahu e com Pompeo para abordar a normalização de relações entre o Estado de Israel e os países árabes, que estão criando uma coalizão para impedir as ambições regionais do Irã.

Bahrein e Emirados Árabes Unidos assinaram em setembro, em Washington, acordos para estabelecer relações com Israel. A decisão é vista como "traição" pelos palestinos.

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Os palestinos consideram que esses acordos quebram a ideia até agora considerada no mundo árabe de que qualquer normalização das relações com Israel exige antes um acordo de paz israelense-palestino.Segundo o jornal The New York Times, Donald Trump sondou na semana passada vários de seus principais colaboradores para implementar "nas próximas semanas" uma ação contra uma instalação nuclear iraniana, mas foi dissuadido de executá-la.

Palestinos protestam contra visita Pompeo

Pompeo não programou nenhuma reunião com os líderes palestinos durante a visita.

Segundo a imprensa israelense, poderá visitar uma colônia israelense na Cisjordânia ocupada, a cidade vinícola de Psagot.

Consultados pela AFP, nem a diplomacia americana nem as autoridades de Psagot confirmam esta possível visita, que seria a primeira de um chefe da diplomacia americana a uma colônia da Cisjordânia.

Nesta quarta-feira, dezenas de palestinos se manifestaram em Al-Bireh, cidade localizada em frente a Psagot. "Pompeo volte para casa", diziam alguns dos cartazes, conforme observado por um jornalista da AFP.

Palestinos protestam contra a esperava visita de Mike Pompeo à colônia israelense de Psagot. Foto: Majdi Mohammed/AP Photo

"A visita de Pompeo é um crime, porque contradiz todas as resoluções internacionais", afirmou Munif Treish, membro do governo de Al-Bireh, em coletiva de imprensa.

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"As vinhas [de Psagot] foram construídas sobre terras privadas palestinas", continuou. "Temos os documentos que comprovam isso", completou.

A colonização israelense nos territórios palestinos teve um grande impulso nesses últimos anos sob o governo de Netanyahu e com o apoio de Donald Trump na Casa Branca.

Consideradas ilegais pelo direito internacional, mais de 45.000 israelenses residem nestas colônias na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967, onde vivem 2,8 milhões de palestinos.

Há um ano, porém, Mike Pompeo anunciou que os Estados Unidos deixariam de considerar essas colônias como contrárias ao direito internacional.

A decisão foi comemorada pela região vinícola de Psagot, que há anos luta para manter o nome "Israel" em suas garrafas, em vez de "colônias israelenses", como decidiu a Justiça europeia.

"Se as relações internacionais são baseadas em garrafas de vinho, é a morte da diplomacia", declarou na terça-feira o primeiro-ministro palestino, Mohamed Shtayé./AFP

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