Emancipação do sul vai criar instabilidade no Sudão, diz Bashir

Presidente do Sudão afirma que região não tem capacidade de formar Estado nem de garantir bem-estar do povo.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

Referendo sobre divisão do país ocorrerá neste domingo O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, afirmou que o sul do país vai atravessar um período de instabilidade, caso decida se separar do norte no referendo que começa neste domingo. Em entrevista à rede de televisão al-Jazeera, ele disse que o sul sudanês não seria capaz de formar um Estado estável nem sustentar os seus cidadãos. O repórter da BBC em Cartum, James Copnall, afirmou que os comentários de Bashir devem irritar o SPLM, o partido de ex-rebeldes que governa o sul desde o fim da guerra civil, em 2005. Neste sábado, aconteceram os últimos comícios antes do referendo. A expectativa é de uma vitória acachapante do "sim", criando o mais recente país do mundo. A votação faz parte do acordo que terminou a guerra civil entre o norte e o sul depois de duas décadas, em 2005. 'Preocupação com o futuro' Na entrevista, Bashir disse ainda entender porque muitos moradores do sul do país querem a independência, mas expressou preocupações sobre o futuro do possível novo país. "O sul sofre de diversos problemas. Enfrentou uma guerra desde 1959. O sul não tem capacidade de garantir a subsistência dos seus cidadãos nem de criar um Estado ou autroridade." Bashir acrescentou ainda que moradores do norte de origem sulista não terão direito a dupla nacionalidade e descartou a ideia de formar-se um bloco de países nos moldes da União Europeia. O presidente advertiu ainda que, caso os sulistas decidam capturar a região de Abyei, rica em petróleo, e cuja fronteira é disputada, os dois lados podem acabar em nova guerra. Analistas dizem que o líder sudanês enfrenta grande pressão de políticos do norte, que temem que a separação do sul leve a novos movimentos separatistas. Os conflitos entre norte e o sul são alimentados principalmente por diferenças étnicas e religiosas. Há anos, sulistas se queixam de maus tratos do governo de Cartum. Na sexta-feira, o ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki, mediador da União Africana no Sudão, afirmou que o referendo marca a "verdadeira emancipação" da população do sul. "O trabalho da liberdade está apenas começando. Estamos confiantes de que o povo do sul sudanês terã a força e a fibra para ser bem-sucedido nesta empreitada", disse Mbeki em Juba, a capital do sul. A população da região vai ter uma semana para depositar os seus votos no referendo sobre emancipação. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.