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Embaixador brasileiro é candidato ao Nobel da Paz

Por Agencia Estado
Atualização:

O embaixador brasileiro José Maurício Bustani está na lista dos candidatos ao Prêmio Nobel da Paz de 2003, que será anunciado no segundo semestre. Fontes ligadas a Oslo confirmaram que o diplomata, que ocupará nas próximas semanas a Embaixada do Brasil em Londres, foi incluído na lista, em função de seu trabalho pelo desarmamento no mundo. Bustani foi o diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq, agência da ONU sediada em Haia) até o ano passado e chamou a atenção internacional por ter tentado estabelecer com o Iraque um mecanismo para garantir que o país aceitasse inspeções, antes que a crise entre Washington e Bagdá tivesse começado. Com Bustani, a Opaq fez mais de 1.200 inspeções em mais de 50 países. O objetivo da organização é evitar a produção e comercialização de armas químicas no mundo, e as investigações são feitas com o objetivo de identificar possíveis ameaças ou países que possam estar sendo usados como santuários por grupos terroristas. Diante dos resultados atingidos, o brasileiro é considerado por especialistas como uma das personalidades que mais colaborou para o desarmamento no mundo, nos últimos anos. Frente a uma guerra no Iraque, sua indicação seria uma mensagem clara de que o problema em relação à Bagdá deve ser solucionado de forma negociada, e não pela guerra. Apesar de seu trabalho, Bustani foi destituído da entidade no ano passado, depois de uma forte pressão dos Estados Unidos para que deixasse a Opaq. Washington alegava má-gestão por parte do brasileiro, mas em Haia poucos escondiam que o que estava em jogo era a política de Bustani em relação ao Iraque. A Casa Branca não via com bons olhos a possibilidade de o Iraque fazer parte do tratado, como pretendia o brasileiro. Hoje, depois de conseguir tirar Bustani do cargo, os Estados Unidos continuam sua cruzada para não deixar que nenhum diretor das agências da ONU fique no caminho das políticas da Casa Branca. O governo americano quer agora a saída de Wolfgang Hoffmann, secretário-executivo da comissão que prepara a criação da Organização para a Proibição de Testes Nucleares, entidade da ONU que cuidaria da adoção de inspeções sobre os testes de armas atômicas.

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