ROMA - O embaixador da Venezuela na Itália, Julián Isaías Rodríguez Díaz, renunciou ao cargo em uma carta enviada ao presidente Nicolás Maduro e divulgada pelas redes sociais, na qual afirma que se afasta "sem rancores e sem dinheiro".
Na longa carta, Rodríguez, de 77 anos, que foi constituinte em 1999, vice-presidente executivo da República e procurador-geral, afirma que tem problemas sérios de saúde, assim como econômico.
O diplomata, que denunciou em 7 de maio os graves problemas econômicos da embaixada, com dívidas que chegam a € 9 milhões, ratificou sua solidariedade a Maduro pela luta contra "as agressões de um império em declínio".
"Com fé absoluta me aferro ao chavismo, como uma prancha neste oceano de contradições que cerca seu governo", escreveu o embaixador. "Sua causa, que é a minha, me manteve como um campo de força, como um ímã ", explicou.
"Consegui, no entanto, a compreender definitivamente que não posso transformar água em vinho, nem ressuscitar os mortos. Muitos de seus discípulos têm muito poucos apóstolos e é quando todos nos perguntamos se é a Igreja ou Deus quem está falhando?", completou.
"Acreditem que me sinto orgulhoso de ter sido seu embaixador e seu companheiro e que, neste momento, sinto como se estivesse tirando uma das muitas contraturas que tenho (são três) na coluna", afirmou.
"Você não tem que aceitar ou reprovar esta carta. Vou torná-la pública porque é definitiva; Não é irrevogável porque nada é irrevogável na vida. É simplesmente definitiva, senhor Presidente. Não me veja ou considere vulnerável", escreve.
"Renuncio, Presidente, a minhas doses de insônia, estresse, aflição e às víboras com cabeça triangular que há muito tempo o acompanham", conclui. / AFP