Embaixador: perdas da ONU no Haiti têm impacto grande

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Por Gerusa Marques
Atualização:

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), embaixador Ronaldo Sardenberg, que foi chefe da missão brasileira nas Nações Unidas, avaliou, em entrevista à Agência Estado, que será "enorme" o impacto das mortes de funcionários da ONU no Haiti para o trabalho de reconstrução do país. Até o início da tarde de hoje, já tinham sido contabilizados 36 mortes."É a pior catástrofe, é o maior número de baixas que as operações de paz das Nações Unidas já sofreram", disse Sardenberg. Ele lembrou que nem no atentado contra o escritório da ONU em Bagdá, no Iraque, em 2003, morreram tantas pessoas.O terremoto que atingiu o Haiti, na opinião de Sardenberg, vai dificultar a retomada dos trabalhos que vinham sendo desenvolvidos pelas Nações Unidas. "A perda humana é muito grande, nem foi dimensionada ainda. Mas os haitianos têm muita coragem", afirmou. Ele ressaltou, no entanto, que pela primeira vez a atenção internacional está focada no Haiti. "Com a cooperação humanitária que está sendo gerada, vai haver uma maior consciência, uma percepção mais apurada da verdadeira situação do Haiti", afirmou.Em 2005, o embaixador esteve em Porto Príncipe, chefiando uma missão do conselho de segurança das Nações Unidas que avaliou as condições para a renovação do mandato da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). "O momento era muito delicado, vários pontos de Porto Príncipe estavam sob o domínio de elementos armados. O mandato foi renovado e o processo foi melhorando", lembrou.Sardenberg avaliou que, desde então, houve "avanços importantes" para a pacificação nacional e para a organização do sistema político e que o trabalho da missão brasileira foi essencial neste processo. Além disso, a participação do Brasil, na opinião dele, tem sido um fator de agregação de outros países latino-americanos na cooperação com o Haiti.Durante os quatro anos que passou como chefe da missão brasileira (2003-2007), Sardenberg disse não ter presenciado uma catástrofe como a que atingiu o Haiti. "Acho que esta é uma situação limite", afirmou. Ele lamentou o desaparecimento, nos escombros do edifício da ONU no Haiti, do representante do secretário geral, Hedi Annabi, e de seu vice, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, com os quais conviveu em Nova York.Sardenberg disse ainda que a Anatel está se informando para ver como o Brasil poderá cooperar para o sistema de telecomunicações do Haiti, mas não detalhou nenhum projeto específico.

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