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Emissoras de TV estatais no Egito ignoram crise no país

Canais como Al-Jazeera e Al-Arabiya dedicam boa parte da programação às manifestações.

Por BBC Brasil
Atualização:

Al-Jazeera e Al-Arabiya dedicam boa parte da programação a protestos Enquanto as principais redes de televisão árabes, como a Al-Jazeera e a Al-Arabiya, mantêm uma cobertura ampla dos protestos e da crise política no Egito, as emissoras estatais egípcias praticamente ignoram a onda de manifestações contra o governo. No domingo, os dois canais estatais de TV do Egito, a Al-Misriyah e a Nile News, não veicularam quaisquer vídeos ou referências a protestos ou violência. Por outro lado, as TVs destacaram a preocupação de egípcios com a segurança das pessoas e de propriedades. A Al Misrayah exibiu entrevistas com cidadãos criticando "o papel da Al-Jazeera", perguntando "o que essas pessoas querem? Por que eles querem distorcer e prejudicar a imagem do Egito?" A Nile News se concentrou principalmente em pronunciamentos oficiais, repetindo as instruções do presidente Hosni Mubarak para seu novo gabinete e mostrando sua reunião com o vice-presidente, Omar Suleiman, e o primeiro-ministro, Ahmad Shafiq. A mesma emissora também realizou entrevistas ao vivo com diversos governadores do Egito que "confirmavam" a situação como sendo "estável" em suas regiões. Transmissão ao vivo Em contraste, a Al-Jazeera, rede de notícias maior audiência nos países árabes, concentrou quase que totalmente a sua programação desse domingo na cobertura dos protestos e dos confrontos nas ruas do Cairo. Mantendo longos períodos de imagens ao vivo sem comentários dos jornalistas, com uma cobertura "em tempo real", a Al-Jazeera - que é sediada no Catar - passa muito tempo sem interromper a transmissão com intervalos comerciais. Já a Al-Arabiya, com sede na Arábia Saudita, manteve no domingo uma transmissão equilibrada entre imagens dos protestos e da presença policial nas ruas. Além disto, o canal concentrou seu noticiário nas manobras políticas do governo e da oposição. As televisões privadas locais do Egito também fizeram uma cobertura ampla da crise no país. No canal ONTV, de propriedade de um magnata cristão copta, um talk show se concentrou nos eventos dos últimos dias, focando na falta de policiais nas ruas. A emissora Al-Hayat, que pertence a um líder da oposição a Mubarak, manteve o foco no "papel glorificado do Exército em proteger a legitimidade no Egito, assim como (em proteger) o povo egípcio e a unidade nacional". O canal exibiu na tela um selo feito da bandeira egípcia com os dizeres "não à sabotagem" e "preservem esta terra" sobre ela. A emissora Mehwar TV, por sua vez, parecia ter uma postura crítica ao presidente. Analistas pediam que Mubarak tomasse medidas urgentes e afirmavam que o governo havia falhado em cumprir as expectativas do povo. Em um dos programas, a maioria das ligações de telespectadores pedia o restabelecimento da ordem. Internet Além das TVs, as redes sociais na internet estão tendo um papel importante na atual crise egípcia. A participação dos cidadãos - principalmente jovens - em sites como Twitter e Facebook é creditada como um dos principais meios pelos quais a revolta começou a tomar corpo no país. As mídias sociais serviram não só para mobilizar as pessoas em torno dos protestos, mas também para divulgar fotos e vídeos das manifestações. Depois da divulgação dos protestos por meio da web, os serviços de celular e internet chegaram a ser interrompidos no Egito. No sábado, a telefonia móvel foi parcialmente retomada, mas o acesso à rede mundial de computadores continua sem funcionar. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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