Empresários argentinos condenam o governo

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Por Agencia Estado
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"A perspectiva de uma Argentina faminta é inaceitável". Com estas palavras a União Industrial Argentina (UIA) emitiu a mais dura crítica feita por esta entidade contra um governo nos últimos dez anos. Segundo a UIA, a fome poderá levar à anarquia social. Em um tom insólito para uma associação industrial argentina, a UIA faz uma pergunta: "Como pode ser que, em uma terra de abundância como a nossa, exista fome e falta de trabalho?". Em documento, os industriais sustentam que o prazo para tomar medidas para reverter a crise econômica "está se esgotando". Eles afirmam que "a impaciência social já está se transformando em atos cuja violência está sendo comandada pelo desespero". Segundo a UIA "esta é a pior época" da história econômica argentina. Para os industriais, a atual situação é muito pior do que os tempos de hiper-inflação, quando houve saques a supermercados. "No entanto, o desemprego era de apenas 5% (hoje é de 14,7%). Esta é a pior época. Nestas condições, é impossível construir algo". Além disso, os industriais criticam a crescente corrupção da classe política, afirmando que "a democracia está em perigo". A UIA critica os gastos dos políticos, afirmando que são "irresponsáveis", e pede que nas eleições parlamentares de outubro os argentinos não votem na reeleição dos atuais senadores. Nessas eleições será renovada metade da Câmara de Deputados e a totalidade do Senado. Além da UIA, também houve críticas do ex-vice-ministro da Economia, Pablo Guidotti. Segundo ele, o presidente Fernando De la Rúa "não possui autoridade". Guidotti afirmou que o governo está exagerando a capacidade da mega-troca de bônus de curto prazo por outros de longo prazo como solução para resolver a atual situação econômica: "Se não houver outro tipo de soluções, a mega-troca de bônus somente dissipa as incertezas até outubro". No entanto, o Secretário da Fazenda, Jorge Baldrich, é otimista. Ele declarou que o governo vai "adequar os gastos à arrecadação tributária".

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