23 de março de 2014 | 02h05
A questão não afeta apenas operários da construção civil ou garis. Para o principal sindicato suíço, é a própria indústria de ponta que está ameaçada. Hoje, 30% dos funcionários dos bancos são estrangeiros. No setor farmacêutico, 40% não são suíços. 60% dos cargos da Roche são ocupados por estrangeiros. "A Suíça é muito pequena. Não temos gente qualificada em número suficiente", disse Andreas Zuellig, gerente de hotéis em Lenzerheide. Dos 7,7 milhões de habitantes, um quarto vem de fora. Apesar disso, desde 2003, quando a livre circulação foi implementada, a taxa de desemprego é a mesma: 3,5%, uma das mais baixas do mundo.
Em diversos setores, preencher cargos pode virar uma dor de cabeça. Um dos problemas está na saúde. A Suíça não forma cirurgiões suficientes e, em alguns hospitais, metade dos profissionais são estrangeiros. A nova lei pode até causar uma fuga de cérebros e até de multinacionais, que podem optar por locais mais flexíveis. O Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo, alertou que a medida pode custar 80 mil empregos na Suíça nos próximos três anos. Entre os imigrantes, o sentimento é de incompreensão, principalmente porque os estrangeiros fizeram parte da história do país. O fundador da Swatch era libanês. A Nestlé foi criada por um alemão. Há duas semanas, o CEO da Nestlé, o belga Paul Bulcke, foi questionado sobre o que achava da lei. "Aproveitem para me perguntar tudo. Não sei se estarei aqui no ano que vem", ironizou.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.