Empresas aéreas questionam restrições aos voos na Europa

Testes preliminares demonstram que cinzas de vulcão não causaram danos aos aviões.

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Por BBC Brasil
Atualização:

As companhias aéreas e os aeroportos europeus pediram a revisão imediata das restrições impostas aos voos no norte e centro da Europa por causa da nuvem de cinzas expelida por um vulcão na Islândia. Dois órgãos que representam a maioria das companhias e aeroportos europeus - ACI Europe e AEA - questionaram a extensão das restrições, adotadas desde que o vulcão na geleira de Eyjafjallajoekull voltou a entrar em erupção, na quarta-feira. Algumas companhias aéreas que realizaram voos de teste disseram que, aparentemente, não foram causados danos aos aviões que voaram pela nuvem. Milhões de passageiros foram afetados pelos quatro dias de restrições aos voos no norte e centro da Europa. O impacto desta nuvem sobre a aviação internacional já é maior do que o dos atentados de 11 de setembro. Cerca de 20 países europeus fecharam seu espaço aéreo e alguns estenderam a proibição aos voos até segunda-feira. Autoridades de aviação impuseram restrições aos voos temendo que as cinzas - uma mistura de partículas de vidro, areia e rocha - contidas na nuvem entrassem nos motores e entupissem as turbinas, causando sérios danos aos aviões. As empresas aéreas estimam estar perdendo cerca de US$ 200 milhões (R$ 350 milhões) por dia com as restrições. Testes Segundo a ACI Europe e a AEA, "a erupção do vulcão islandês não é um evento sem precedentes e os procedimentos aplicados em outras partes do mundo no caso de erupções vulcânicas não parecem exigir os tipos de restrições que atualmente estão sendo impostas na Europa". Uma das empresas que realizou testes no fim de semana foi a holandesa KLM. Seu executivo-chefe Peter Hartman, que estava a bordo, afirmou que não ocorreu "nada de incomum" durante o voo. "Se a perícia técnica confirmar isso... nós esperamos obter permissão para reiniciar parcialmente nossas operações o mais rápido possível", disse ele. A companhia aérea britânica British Airways também ia realizar um teste neste domingo a tarde, mas os resultados só devem ser anunciados na segunda. Segundo o editor de negócios da BBC, Robert Peston, os executivos da empresa temem que o serviço não volte a se normalizar até a próxima quinta-feira, pelo menos. As duas maiores empresas da Alemanha, Lufthansa e Air Berlin, também anunciaram ter realizado testes sem sofrer qualquer dano, bem como a Air France. A porta-voz da Air Berlin Diana Daedelow disse à BBC que "É impressionante que essas conclusões... aparentemente tenham sido ignoradas no processo de decisão das autoridades de segurança aérea". O ministro dos Transportes britânico, Andrew Adonis, afirmou neste domingo, depois de uma reunião de emergência na sede do governo britânico, que de acordo com as previsões meteorológicas, não será seguro voar sobre o norte da Europa na segunda-feira. Brian Flynn, chefe de operações da Eurocontrol - agência que coordena o tráfego aéreo em 38 países europeus - disse que as autoridades da aviação estão lidando com um "fenômeno desconhecido", mas rejeitou que elas tenham adotado excesso de cautela. "Com o objetivo maior de proteger o público", disse ele, "essas medidas excepcionais tiveram que ser adotadas". Caos O caos aéreo piorou neste domingo. Segundo a Eurocontrol, apenas 4.000 dos 24.000 voos programados normalmente, deveriam ser realizados no espaço aéreo europeu. No sábado, houve apenas 5.000 voos. O espaço aéreo britânico permanecerá fechado, pelo menos, até as 7h00 da manhã de segunda-feira, hora local (3h00 da madrugada em Brasília). A República da Irlanda também vai manter seu espaço aéreo fechado até às 13h00 de segunda-feira, hora local e a maioria dos aeroportos franceses deve permanecer fechada até terça-feira, informou o governo. Mas os aeroportos do norte da Espanha, inclusive o de Barcelona, foram reabertos neste domingo. O aeroporto de Kiev, na Ucrânia, também foi reaberto. Passageiros no norte da Europa vêm buscando alternativas de transporte, lotando trens, ônibus, balsas e usando até táxis em viagens internacionais. O vulcão da geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia, entrou em erupção pela segunda vez em um mês na quarta-feira passada, expelindo uma coluna de fumaça a uma altura de cerca de 8,5 quilômetros. Especialistas não sabem quanto tempo esta erupção deve durar. A última erupção vulcânica debaixo da geleira, antes deste ano, começou em 1821 e continuou por dois anos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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